Sob a Lua Prateada
Sombras em Innistrad / Shadow Over Innistrad (SOI)
"Você sabe aquela sensação? De algo rastejando em sua pele?
O fazendeiro Warin estava em pé na frente da longa mesa de Anciãos,
Sua esposa gorda, de olhos arregalados ao seu lado. Ambos haviam dado as
costas para a mesa, preferindo falar s pessoas da cidade de Gatstaf,
Reunidos ali, na apertada Câmara dos Comuns da paróquia.
"É como um inseto rastejando atrás do seu pescoço." Warin estremeceu
enquanto ele falava. "Até a base do mesmo e em linha reta subindo pelo
seu cabelo."
Era estranho, pensou Hal, que ele escolhera falar desse sentimento,
hoje, pois ela nunca tinha ouvido falar de tal coisa antes, nunca sequer
soubera que Tal sensação existia.
Até essa manhã.
Ela tinha acordado com a sensação - algo na parte de trás de seu
pescoço, subindo sua coluna. Era uma sensação perturbadora, e
extremamente peculiar.
Então, o fato de que o que a havia tirado de sua cama no acampamento,
para vagar pela floresta até a cidade, ser comentado de novo, tão pouco
tempo depois que ela o sentiu pela primeira vez, foi o suficiente para
desencadear uma onda de arrepios sobre ela.
"É tão real que você não tem escolha, você acredita que algo está
realmente lá, sabe?" Warin coçava a nuca dele furiosamente. Ao vê-lo
fazê-lo, Hal percebeu que ela estava fazendo o mesmo. Ela apertou no
colo ambas as mãos. "Algo terrível poderia poderia estar escavando sob a
pele e você nunca saberia!"
Muitas pessoas da cidade se contraíram e se moveram em seus assentos, coçando-se Junto com o fazendeiro Warin.
"Sim, sim," Elder Kolman acenou com sua mão grossa, como se
espantando uma mosca. "Nós todos conhecemos essa sensação, Warin, mas o
que isso tem a ver com o motivo de você vir aqui, hoje, perante o
conselho?"
"Tudo!" Warin virou-se para enfrentar todos os onze anciãos
presentes. Um a menos dos doze costumeiros, uma vez que Elder Somlon
estava ausente para comandar do segundo dia dos ritos funerais de Lady
Mary. "É por causa dele que eu sei que estou certo!"
"Certo sobre o quê, Warin?" Elder Kolman perguntou.
"Diga de uma vez!" Elder Glather gritou.
"Um dos animais em nosso rebanho foi possuído!" A
esposa Warin parecia incapaz de conter-se. "Enlouqueceu! No meio da
noite! E comeu um outro! Arrastou-o em torno do pasto, antes. Eu vi as
marcas eu mesma. A dor que o pobre animal deve ter sofrido! Em seguida, o
louco o devorou. Ele não deixou nada para trás, além dos ossos e dentes
".
Podia-se ouvir os murmúrios dos habitantes da cidade.
"E como é que você sabe que foi a primeira vaca que comeu a segunda?" Elder Kolman perguntou, fingindo paciência.
"Eu vi o sangue em seu próprio focinho de manhã!"
Mais murmúrios.
Hal olhou para Alena. A comunicação entre elas dispensava palavras.
Ambas sabiam que a fazenda Warins ficava situada na periferia da cidade.
Ambas sabiam ela fazia fronteira com floresta de Ulvenwald.
E elas sabiam quais bestas, recentemente, haviam ressurgido ali - No
espaço de duas semanas, Hal e Alena, cada uma, haviam eliminado três
licantropos, e, além disso, juntas, haviam dado cabo de uma pequena
matilha inteira, na noite anterior.
Mas esses encontros tinham sido suficientemente longe de Gatstaf para
não causar preocupação, Hal havia seguido um uivo distante no meio da
passagem Bower, e o que Alena eliminara estava em Natterknolls.
Porém, agora, seus olhares diziam que havia razão para acreditar que os
animais haviam chegado na periferia, e que estavam abrindo caminho para
as margens da floresta, para as cidades, para o povo.
Isso era inaceitável. Ulvenwald era o domínio de Alena e Hal, e elas
não deixariam seus horrores escaparem para prejudicar os inocentes.
"Nossos amuletos!" gritou da esposa Warin, chamando a atenção de Hal
de volta para a frente da sala. "Ela fez amuletos de má qualidade!" A
mulher do fazendeiro apontou um dedo acusador na direção da boa Lady
Evelin, que engasgou e apertou o amuleto no seu pescoço. "Ela os fez, e
eles falharam!"
"Não pode ter sido isso!" O homem que estava sentado ao lado de
Evelin saltou em sua defesa. "Lady Evelin faz os melhores e mais potente
amuletos que esta cidade, ou melhor, que esta terra, já viu!"
"Ordem!" Gritou Elder Kolman, batendo a mão grossa sobre a mesa de anciãos. Mas foi ignorada.
"Então como você explica a vaca possuída?" A esposa Warin desafiou.
"As marcas que mostram que foi arrastada em torno de nossa fazenda? Os
ossos deixado para trás?"
"Sim!" Gritou alguém da parte de trás.
"Os amuletos não fizeram o seu trabalho", veio outra voz.
"Não pode haver nenhuma dúvida, os amuletos falharam, e nossa vaca
estava possuída." Warin parecia ter adquirido coragem das pessoas
concordando com ele. "Nós somos as vítimas da negligência de Lady
Evelin." Ele Segurou firme a seu próprio amuleto e suplicou para Ambos
os habitantes da cidade e anciãos. "Não podemos dar ao luxo de mais uma
noite sem uma proteção adequada."
Havia uma multidão de acordo.
Fazia sentido para HAL que o povo da cidade botasse a culpa em
amuletos com defeito. Que eles pensassem que a vaca fora possuída por um
espírito mal. Estas coisas eles poderiam definir. Estas coisas eram
eles tinham os meios para compreender. Coisas que não perturbavam o
equilíbrio cuidadoso que eles acreditavam governar seu mundo.
Eles não viviam na mesma realidade que Hal e Alena. O povo da cidade
não via o que acontecia na escuridão, na floresta. Eles viviam em um
mundo protegido pela luz do anjo Avacyn. Eles acreditavam que estavam
seguros de coisas como lobisomens. Mas, mesmo no mundo de Avacyn, os
lobisomens não foram completamente dizimados. Licantropos tinham tido
uma presença constante em Ulvenwald, apesar de ter sido
significativamente diminuída. Hal e Alena sabiam disso. Eles tinham
ouvido os uivos sobrenaturais ecoando nas árvores, um elemento contante
nas profundezas da floresta.
Pensando nos uivos, Hal se mexeu desconfortavelmente na cadeira; o
sentimento rastejante voltou para a parte de trás do seu pescoço. Um
uivo era o que ela tinha ouvido, era o que tinha trazido o sentimento
indesejado em primeiro lugar. Ela, inicialmente, pensou que tinha sido
um sonho. A luta mais cedo naquele mesma noite Com a matilha deveria ter
sido um sonho. Fazia algum tempo desde que ela e Alena tinham
enfrentado uma alcatéia. Também fazia algum tempo desde que elas tinham
enfrentado tantos licantropos em um intervalo de tempo tão curto. Hal
via flashes de seus focinhos, seus músculos, seus quadris, em sua mente,
durante o sono, então ela não tinha se surpreendido quando acordou
pensando que tinha ouvido um uivar.
Mas agora, olhando para os olhos salientes do rosto da esposa Warin,
ela temia que o uivo não fosse apenas imaginação, não tinha sido uma
memória, nem um sonho, mas o som da besta real e verdadeiro. A própria
besta, de fato, tinha se atrevido a vir para a cidade, a se alimentar no
gado dos Warins. Isso não podia acontecer novamente.
"Vamos?" Hal silenciosamente declamou o convite para Alena.
O rosto de Alena iluminou-se, o brilho da caça Já em seus olhos.
Elas levantaram-se. Os dedos de Hal formigavam em antecipação, os
olhos sobre a maçaneta da porta - a mesma porta que no instante
seguinte se abriu.
O estalajadeiro Shoran e sua esposa, Elsa, invadiram o salão paroquial.
"Toquem o sino da cidade!" Elsa gritou.
"Ela se foi," o estalajadeiro disse.
"Ela está morta!" gritou Elsa. "ele a matou!"
Qualquer ordem que a Elder Kolman tinha conseguido restaurar nos
últimos momentos, perdeu-se. O povo da cidade foi tomado pelo pânico.
"Oh, pobre moça," Elsa lamentou. "O sangue estava por toda parte. Eu
não posso imaginar o que ele fez com seu corpo. Eu sabia ele que era um
homem depravado e mau, eu sabia a partir do momento em que chegou à
pousada, a partir do momento em que chegou à cidade."
"Os Palters," Hal sussurrou para Alena.
Alena balançou a cabeça em confirmação.
Era óbvio quem a vítima e acusados deveriam ser: os Palters de
Gavony. Eles eram, atualmente, os únicos hóspedes do Inn, os únicos
hóspedes que a pousada tinha visto nos últimos três meses. Hal e Alena
tinha encontrado o Cathar e sua esposa, não mais do que uma semana
atrás, vagando nas profundezas de Ulvenwald, perto Bower Passage. Claro
que Hal e Alena os tinham ajudado, é claro que eles tinham levado os
dois para fora da floresta, até Gatstaf, lutando contra nada menos que
três lobos, um vampiro, e um carvalho possuído no caminho.
Hal sorriu ao lembrar da rapidez com que Alena se livrou da árvore.
Ela tinha melhorado suas habilidades de modo que HAL não ficaria
surpresa se ela pudesse derrubar um skaab gigante sem qualquer tipo de
ajuda.
Os Palters agradeceram Hal e Alena em espécie, ou pelo menos o Sr.
Palter, o tinha feito, já que sua esposa estava em choque após a
travessia. O sr. Palter explicou que eu era um CATHAR do Conselho
Lunarch, e insistiu em dar para Hal e Alena um símbolo de proteção, um
que ele tinha usado muitas vezes, para ajudá-lo em seu dever como guarda
do mausoléu. Hal e Alena receberam o token educadamente, mas ele pouco
significava para elas, pois não tinham necessidade de acreditar em tais
coisas, não quando elas tinham uma à outra.
"Toquem o sino!" Comandou Shoran novamente. "Há um assassino à solta na nossa cidade!"
Hal nunca imaginaria que um dos Palters, qualquer um dos dois,
pudesse ser um assassino. O CATHAR foi extremamente gentil, e sua esposa
parecia prestativa, ainda que ligeiramente frágil. Poderia ser aquilo,
também, obra do licantropo? Certamente parecia assim.
"Vamos lá", Alena assobiou, apontando para a porta, que não estava
mais barricada. Os dois gerentes tinham mergulhado na multidão, faminta
por mais detalhes sobre os acontecimentos terríveis.
Hal e Alena facilmente deslizaram por eles sem chamar a atenção. Elas
tinham pratica em mover-se furtivamente, e, em dois passos rápidos,
estavam na rua de paralelepípedos.
"Então ele-" Hal começou.
"Ou eles", Alena interrompeu.
"Sim, ou eles," Hal concordou. "Isso poderia ter sido obra de uma
alcatéia...", ela meditou. "Isso indicaria duas alcatéias relativamente
perto, em uma única noite. Isso não acontecia há algum tempo." Ela
lançou um olhar para Alena, que não olhou para trás, concentrada no
caminho. "De qualquer maneira," Hal continuou, " lobisomem solitário ou
alcatéia, houve pelo menos dois ataques dentro dos limites da Gatstaf
ontem à noite: A vaca na fazenda os Warins "
"E a Sra Palter."
Hal abruptamente parou, e suas mãos cobriram a boca aberta. Sua mente tinha acabado de juntar as peças do quebra cabeças.
"O que foi?" Perguntou Alena por cima do ombro.
“Acabei de perceber algo. Ainda que as pessoas da cidade estejam
longe da verdade em sua suposição da vaca possuída, eles não estão, de
identificar corretamente o responsável pelo assassinato da Sra Palter."
Alena inclinou a cabeça em interrogação.
"Na pousada," Hal repetiu as próprias palavras de Alena para ela.
"N apousada ..." Alena disse. Hal podia ver o trabalho de sua mente
por trás de seus olhos. "... No quarto dos os Palters, atrás de uma
porta trancada ...."
"Sem nenhuma menção de uma janela quebrada ou entrada forçada", disse Hal.
Rapidamente, elas mudaram de rumo, correndo para o Inn dos Shorans.
__
O badalar do sino da cidade continuou, muito além do ponto em que seria útil como alarme.
Pelo soar dele, Hal pensou que provavelmente era Elsa Shoran puxando a
corda, possivelmente depois de arrancá-las das mãos do sineiro.
Se fosse esse o caso, então ótimo; ela estaria distraindo os anciãos,
que estariam, por sua vez, tentando arrancar a corda das mãos dela,
dando à Hal e Alena mais tempo para investigar o aposento dos Palters .
Elas fizeram o seu caminho, passando a mesa na área de recepção, e
seguiram pelo corredor. Hal balançou a cabeça à frente para a única
porta entreaberta, sem dúvida, pelo gerente e sua esposa, atormentados
depois de ter testemunhado a cena de um crime. Hal entrou no quarto
primeiro e Alena em seguida; sem perturbarem o ângulo da porta aberta.
O cheiro metálico de sangue atingiu o fundo da garganta de Hal em sua
primeira respiração. "por aqui," ela sussurrou, serpenteando por uma
cadeira caída no pequeno hall, e de volta ao quarto mal iluminado. Ela
sentia a tensão de Alena.
Mesmo com as velas apagadas e as cortinas fechadas, havia luz
suficiente para se ver a poça de sangue escuro no chão. Alena, Hal já
sabia, não estava tensa por causa do medo; ela não era o tipo de garota
de se assustar com a visão de sangue. O silêncio era a sua maneira de
focar seus sentidos. Muito do que Hal tinha aprendido, tinha sido
estudando Alena. Mesmo agora, ela imitava Alena, ficando imóvel, para
que estivesse mais sensível às pistas em torno dela.
Olhando para a grande piscina escura, seus pensamentos se voltaram
para a mulher a quem o sangue pertencia. Hal deixou sua mente ir nessa
direção apenas por um momento, e naquele momento ela se permitiu sentir
dor e pena da mulher. A Sra Palter era uma inocente que perdera a vida
para alguém em quem ela confiava. Hal olhou para Alena. Quão terríveis
seus últimos momentos devem ter sido. Quão terrível deve ter sido a
descoberta. Mas ela não podia se debruçar sobre os sentimentos de
tristeza. Não ajudaria em nada no trabalho que tinham que fazer.
Com cuidado para não mover nem uma gota de sangue, Hal vasculhou o
perímetro da pequena sala, movendo-se no sentido horário, enquanto Alena
movia-se na direção oposta. Três pistas apresentaram-se sem hesitação:
um pedaço de renda rasgada, uma vela derrubada, presa em uma poça de sua
própria cera endurecida, e um botão de prata. Foi o botão que prendeu a
atenção de Hal. Ela apontou para onde ele estava no chão, perto da
piscina de sangue.
"Corrija-me se estiver enganada", disse ela. "Mas o Cathar Palter
não estava usando uma veste verde Com três botões idênticos a este
quando os conhecemos na floresta?"
O olhar de Alena era sombrio. "Sua memória é precisa, como sempre, eu temo."
"Então é verdade", disse Hal. "Sua transformação ocorreu nesta sala.
Ele matou e comeu sua própria esposa e depois fugiu, através da fazenda
dos Warins, alimentou-se novamente, e em seguida, fugiu para a
floresta."
"Sim, assim parece," Alena disse. Mas Hal poderia notar, pela sua voz, que ela não estava convencida disso, não inteiramente.
"O que foi?" Hal perguntou. "O que chamou sua atenção?"
Alena apontou para a poça de sangue. "Algo não bate: há muito sangue
no chão, mas o que dizer dos ossos, dos pedaços de carne, cabelo e
tecido, as coisas a fera não devoraria?"
Hal recuou, analisando a cena com novos olhos. Alena tinha razão. Mas
antes que a mente de Hal pudesse resolver a questão, outra coisa
Reivindicou sua atenção. Atrás de Alena, a porta do armário estava
aberta, apenas o suficiente para Hal para notar o que estava lá dentro. À
vista, o coração de Hal acelerou. Alena notou imediatamente e virou-se
para olhar por cima do próprio ombro.
Ficaram olhando por um longo momento.
No armário havia uma cadeira. Nada de suspeito, além do fato de que
ela estava dentro de um armário. Normalmente não teria sido causa
suficiente para preocupação se não fosse o que fez o coração de Hal
disparar, martelando em seu peito - tiras de couro e cintos, pendiam da
cadeira, mais de uma dúzia, de todos os comprimentos, rasgados e
desfiados.
E três cadeados, um no assento da cadeira e dois no chão.
"Isso encerra o caso" Alena disse.
"Ele sabia", disse Hal.
"Claro que ele sabia." A voz de Alena era afiada. "Temos de pará-lo. Nós -"
Mas ela nunca terminou seu pensamento, em um movimento fluido, Hal
colocou o braço em torno de barriga de Alena, puxando a menina para seu
peito e trazendo-a para as sombras. Juntos, ficaram imóveis e em
silêncio, tão entrosadas eram que suas respirações, instintivamente,
entraram em sincronia, baixa e superficial. Difícil, mesmo para a mais
astuta das criaturas de detectar.
Fora o silêncio que havia sido alertado Hal. Ou pelo menos a falta de
ruídos, que tinha continuamente soado até então. O sino não estava mais
tocando. Isso significaria que a investigação do assassinato estava
começando. O barulho ecoando de passos e vozes abafadas confirmava isso -
os habitantes da cidade estavam se encaminhando para a cena do crime,
para o quarto onde Hal e Alena estavam agora.
O ranger da porta da pousada informou Hal e Alena que elas não
poderiam sair pelo caminho que entraram, pelo menos não sem
desnecessariamente despertar suspeitas. Como regra geral, eles evitavam
os habitantes sempre que possível. O povo tolerava Hal e Alena. Eles
aceitavam a presença das duas em Gatstaf porque sempre ajudavam os
habitantes e visitantes em suas jornadas através de Ulvenwald. Mas, ao
mesmo tempo, o povo da cidade sabia que elas viviam na floresta escura, e
por essa razão eram consideradas "estranhas". Olhares eram lançados,
suspeitas compartilhados em voz baixa, e orações proferidas quando
passavam. Hal detectava tanto medo quanto agressividade no cheiro
daqueles que se aproximavam.
Resumindo – não seria uma boa serem encontradas na cena de um assassinato.
Alena acenou para a janela na parte de trás do quarto, uma que se
abria para o beco. Perfeito. Hal sorriu para Alena. No caminho para
fora, Hal, com cuidado e silenciosamente, fechou a porta do armário. Não
havia nenhuma razão para os habitantes da cidade verem algo que os
abalaria. Não havia motivo para alimentar a preocupação que, certamente,
viria com o indício da presença de um licantropo. As pessoas não
precisavam acreditar que estavam sendo caçadas, pois elas não estavam.
Hal e Alena iriam lidar com isto. Elas iriam proteger os inocentes.
Ulvenwald e suas ameaças eram trabalho para elas.
Eles sincronizaram a abertura da janela com o da porta do quarto. O
deslizamento de madeira sobre madeira quando fecharam a janela foi, em
seguida, abafado pelo bater de botas pesadas e vozes competindo enquanto
os anciãos e outras pessoas da cidade inundavam a sala.
___
Elas não tinham muito tempo. O sol já estava beijando o horizonte
quando chegaram ao acampamento em Ulvenwald. Cada uma, rapidamente, mas
deliberadamente, equipou-se com prata. É claro que elas carregavam
sempre uma pequena lâmina do material - seria tolice andarem
completamente despreparadas, mas até acontecimentos recentes, parecia
não haver necessidade de transportar mais.
Agora, levavam quase tudo com elas: flechas com pontas de prata, espadas, lanças e punhais. O metal brilhava com o poder.
Assim que eles estavam equipadas, deixaram o acampamento novamente.
Movendo-se como um, navegaram pelo labirinto de espinhos que Hal
plantara em torno do seu lar, como medida de segurança, e entraram na
mata escura.
Alena foi quem primeiro pegou a pista do Cathar Palter. Ela
costumava ser a primeira a pegar o rastro da caça. Seu Nariz, embora
pequeno e redondo, de uma forma perfeita, que iluminava seu rosto
quando sorria, também eram sensível e preciso. Hal pegou o rastro
momentos depois, reconhecendo-o do quarto da pousada, e viu a marca da
bota, um instante depois disso. Juntos, elas perseguiam o licantropo
assassino.
Seu rastro era desconexo em torno das árvores retorcidas, indicando
que ou ele estava perdido, ou, o mais provável, que estava lutando
consigo mesmo, com o animal que carregava em si. Essa mesma luta, Hal
imaginou, era o que lhe fizera fugir de Gavony. Ele deve ter matado lá.
Muito provavelmente mais de uma vez. E quando ele percebeu os horrores
que cometera, sem dúvida, fora incapaz de enfrentar as pessoas cujas
vidas tinha afetado.
Então, ele tinha fugido. Não era um comportamento estranho. Nem para
um lobisomem. Estranho foi trazer junto a sua esposa. A pobre alma. Hal
não conseguia conciliar este comportamento com a impressão de bondade e
compaixão que ela havia obtido a partir do sr. Palter, quando eles
tinham encontrado o casal na floresta. Ela quis dar o benefício da
dúvida ao cathar. Talvez ele tivesse a intenção de deixar a Sra Palter
na segurança de uma nova cidade, longe de quaisquer suspeitas que
pudessem ser levantadas por causa de suas ações, em algum lugar que
acreditasse que ela poderia recomeçar a vida e encontrar a felicidade.
Hal imaginou o que ela faria, se a maldição fosse transmitido para ela...
Ela não iria, ela não poderia, colocar Alena em perigo. Ela iria
abandoná-la. Ela não teria outra escolha senão ir para muito, muito
longe. E ela iria fazê-lo, mesmo sabendo que seu coração nunca iria
encontrar consolo.
Talvez, o ato, por si só, seria suficiente para parar seu coração de bater completamente.
Se foi isso que o Sr. Palter tinha tentado fazer, Hal não podia
sentir nada, além da mais profunda simpatia por ele. Isto é, até que, no
momento seguinte, ela pensou no sangue da sra. Palter no chão - Independentemente de suas intenções, o Sr. Palter tinha falhado com quem amava. Ele não tinha sido forte, e sua fraqueza resultou no fim de uma vida.
Então, como se em resposta à mudança nos sentimentos de Hal em relação ao cathar, os rastros dele mudaram, também.
Sua transformação tinha ocorrido.
Elas seguiram a trilha do monstro, até que, abruptamente e
inesperadamente, deram em uma encruzilhada. Hal e Alena olharam para a
trilha dividida aos seus pés, visíveis graças à luz da lua prateada.
Do ponto onde estavam, O Cathar Palter tinha ido em duas direções
diferentes, em dois momentos diferentes, seguramente. Deveria ter ido
primeiro para um lado e depois, em algum ponto, perto ou longe deste
ponto de intersecção, era difícil dizer, voltou atrás e seguiu para o
outro.
"Leste para Gatstaf, ou oeste para as florestas profundas," Alena
disse. "Parece que o nosso animal estava travando uma luta interior."
Hal assentiu. Isso não a surpreendeu, embora não tivesse vocalizado
sua teoria, a mente de Alena chegara na mesma conclusão. "Então", disse
Hal. "Qual o caminho ele seguiu primeiro? Onde ele está agora?"
"Será que ele seguiu seus instintos até cidade, e, em algum momento retrocedeu?" Alena olhou para a mata.
"Ou ele tentou superá-los, apenas para ser levado de volta para a cidade, derrotado por eles?" Hal olhou para a cidade.
"Nós temos que -", Alena começou.
"Ir para a cidade", Hal terminou.
Elas correram.
O ponto em que o rastro emergiu de Ulvenwald, dava na fazenda dos
Warins. Isso não as surpreendeu - Licantropos eram conhecidos por voltar
às áreas de alimentação que se provavam férteis.
Mas o Sr. Palter não tinha se alimentado aqui ESTA noite, pelo menos
não ainda. A prova disso era que uma das duas vacas dos Warins estava
ali no campo, de costas para as trilhas que eram, como a esposa de Warin
havia descrito, espessas e curvadas como se um corpo pesado tivesse
sido arrastado pela grama alta.
Hal estudou as trilhas, traçando o caminho que o licantropo deveria
ter tomado. Este era um comportamento estranho para algo de natureza
bestial. Por que não apenas se alimentar? Talvez ele estivesse lutando
contra seus impulsos, mas, mesmo assim...
Uma imagem da Cathar Palter começou a se formar na mente de Hal. Ele
era um bom homem, um homem amável, um homem da igreja. Suas intenções,
ao que parecia, estavam no lugar certo, mesmo quando não estava direito
de sua mente.
"Eu perdi completamente o rastro." As palavras de Alena trouxeram Hal
de volta para si mesma. Enquanto ela se juntou à Alena , tentando
pegar o cheiro do licantropo.
Ela se lembrou de que intenções eram nada sem ações.
Ela e Alena teriam que matar o lobisomem.
"Assassinato! Ocorreu um assassinato!" A voz de Lady Elsa Shoran ecoou pela noite. "É o sineiro! Oh, pobre Orwell está morto!"
Depois veio o toque do sino. A corda puxada mais uma vez por Lady Elsa, sem dúvida.
Alena e Hal não perderam tempo; antes de a voz de Elsa cessar, elas estavam se movendo através da noite como duas sombras.
___
Escondidas nas alcovas escuras, elas podiam ver a multidão que se
reunira em volta do sino. E, através deles, a poça de sangue escuro no
chão, na base da torre do sino.
Não havia dúvidas – o Sr. Palter, O licantropo, tinha matado novamente.
Como se confirmando a conclusão de Hal, um uivo soou de Ulvenwald.
Sem uma palavra, Hal e Alena dispararam em direção à floresta. Mas antes
que a praça estivesse fora da vista delas, Hal olhou para trás por cima
do ombro.
Algo sobre a cena ficara remoendo-se na sua mente. No entanto, não
havia tempo para saber o que era. Ela virou-se na direção das árvores;
Eles estavam na caça.
Entrando na floresta através da fazenda dos Warins, foi fácil de
pegar os grandes rastros lupinos novamente. Eles seguiram a trilha além
do ponto onde ela divergia, desta vez movendo para o oeste, mais fundo
na floresta. Hal percebeu onde eles estavam indo: o henge da antiga
Avabruck, o capital perdida. Era um lugar de geists e de lobisomems.
Talvez elas teriam de enfrentar inimigos além daquele que perseguiam.
Enquanto corria, Hal tocou o punho de sua adaga favorita, pronta para
defender sua floresta.
Subitamente, Alena levantou a mão Alena e parou. Hal quase pisou
nela, mas conseguiu evitar uma colisão, os olhos procurando o que teria
causado a pausa.
Ali diante deles no chão da floresta estava o corpo do sineiro.
Orwell, de um branco fantasmagórico, Sua pele seca por falta de sangue,
mas no geral, seu corpo estava intacto. Seus membros espalhados, como se
tivessem sido cuidadosamente arranjados. E, ao seu redor, os arbustos e
grama haviam sido amassados, como se algo pesado tivesse sido arrastado
sobre eles.
Algo não estava certo. Não deveria haver um corpo. O animal deveria ter se alimentado.
Sentidos em alerta, Hal e Alena analisaram a cena. A forma das
marcas, a aparência das curvas, eram as mesmas das que se encontravam no
pasto da fazenda dos Warins. Isso não fazia sentido. Seria algum tipo
de ritual? Ou o traçado indicava que o Sr. Palter estava resistindo aos
impulsos de se alimentar? Com que tipo de licantropo estavam lidando?
Hal olhou para Alena em busca de respostas, mas os olhos dela estavam
atentos a algum lugar mais à frente na floresta, Um ponto mal iluminado
pela luz da lua. Ela seguiu o olhar, e viu também: um segundo corpo.
Quando se aproximaram, encontraram o mesmo padrão - Senhora Evelin,
membros espalhados, grama batida.
E logo depois, o corpo do Ancião Somlon. Mais uma vez, o mesmo padrão na grama, o mesmo arranjo dos braços e pernas.
"Somlon estava-" Hal começou.
"conduzindo ritos funerários." Alena terminou.
"Mas não chegou a fazê-los. Olhe." Hal apontou para um detalhe que
fez sua mão tremer. O laço da blusa de Somlon. Combinava com a renda que
havia sido deixada para trás no quarto dos Palters, na pousada. E lá,
no punho da manga do corpo, elas podiam de onde havia sido arrancado
pedaço que encontraram.
"Se Somlon foi a vítima na pousada", Alena disse.
"Se era o seu sangue", acrescentou Hal.
"Então onde está a Sra Palter?"
O sensação voltou para Hal, desta vez correndo em linha reta para
cima, de seu cóccix ao topo de seu crânio. O arrepio que passou através
dela, foi agravado pelas vibrações do uivo que soou naquele momento.
"E o sr. Palter?" Hal perguntou.
"Eu acredito que é hora de descobrir", Alena correu na direção do uivo e Hal Seguiu.
Enquanto corriam, Hal percebeu que eles estavam se movendo
paralelamente a trilha de mais alguém. Ela ajustou sua posição para
alinhar-se com as marcas. Eram de botas. Sr. Palter? Algo na mente de
Hal disparou.
"O que foi, Hal?" Mesmo através das árvores, mesmo em disparada, Alena tinha percebido a mudança de Hal.
"O momento de transformação." A mente de Hal estava correndo junto
com seus pés, reunindo peças, lutando para encontrar uma resposta
para uma pergunta que não sabia a forma de perguntar. "Se isso aconteceu
lá", ela ofegava, "lá na mata."
"Foi lá", Alena disse entre respirações pesadas. "Nós duas vimos a prova disso. Rastros humanos e depois lupinos."
"Não." Hal balançou a cabeça. "Vimos rastros de bota. E vimos rastros de pata. Separadamente".
"Sim", Alena falou, impaciente.
"Mas se eles eram dos mesmos pés", Hal continuou, "então porque não vimos as botas?"
Alena desacelerou, de forma quase imperceptível, mas Hal notou; Ela
tinha a atenção da menina. Hal apontou para o chão a seus pés. "E por
que temos marcas de bota, aqui, novamente?"
Alena olhou para o chão enquanto corriam.
"E se", Hal começou quando ela acreditou que Alena tivera tempo suficiente para colocar os pedaços juntos por si mesma.
"Não for o Sr. Palter?" Alena terminou.
"E se for -" o nome da Sra Palter ficou travado na boca de Hal,
Porque no momento em que ela estava prestes pronunciá-lo, do topo onde
estavam, elas foram capazes de ver uma pequena clareira e o que parecia
ser um altar improvisado, feito de pedra retorcida.
O santuário era irregular e mal construído, e, deitado sobre ele, estava o Cathar Palter.
De pé atrás dele, capuz puxado para baixo sobre o rosto, como quando a
tinham a visto pela primeira vez, a Sra Palter. Os braços erguidos
acima do corpo de seu marido, e ela estava cantando. Um canto demoníaco.
Hal Reconheceu as entonações e sons guturais profundos. "Ormendahl.
Ormendahl! ORMENDAHL!" O nome era claro. A mulher estava em contrato com
um horror.
"Bes, por favor." O coração de Hal parou ao ouvir a voz fraca. O Cathar Palter ainda estava vivo!
"Cale-se!" Sua esposa cuspiu. Ela sacou uma lâmina.
Ambos Hal e Alena dispararam, correndo em direção à pequena clareira.
A Sra Palter olhou na direção do som de sua abordagem, mas só teve
tempo de vislumbrar suas formas, já do chão.
Embora seu corpo resistisse com mais força do que HAL lhe tinha dado o crédito, elas conseguiram mantê-la presa.
Alena sacou sua própria lâmina.
"Não!" O Cathar Palter gritou do alto do altar. "Não a machuquem!"
Hal olhou para ele. "Ela estava tentando matá-lo."
"Deixe-a ir. Por favor. Ela não sabe o que está fazendo."
"Foi ela, não foi?" Perguntou Alena, segurando a lâmina no pescoço da Sra Palter. "Ela os matou. Todos eles."
O CATHAR não negou.
"O sangue no seu quarto na pousada Naquela manhã, era de Solomon, não
era? Você sabia do que ela era capaz de fazer quando você saiu de
Gavony, quando você trouxe ela para Gatstaf. Você tentou prendê-la, no
armário, mas as correias não conseguiram segurar o mal que a possui. E,
então, ela saiu. Ela tentou matar na fazenda dos Warins ... Ela gravou
suas marcas demoníacas no chão, mas você a parou. No entanto, depois
disso, você perdeu o controle e a seguiu ao redor da cidade, incapaz e
sem vontade de impedi-la de fazer vítimas, assim você os trouxe aqui,
para escondê-los, para escondê-la. Um após o outro, você trouxe os
corpos. Três corpos, Sr. Palter. Ela matou três inocentes. "
"A culpa é minha!" Cathar Palter lamentou. "É tudo culpa minha! O
mausoléu estava sob a minha guarda. Seja o que for que emergiu dessa
noite, eu deveria tê-lo combatido."
Disso, Hal duvidava muito. O nome do demônio, Ortendahl...
ela tinha ouvido isso antes. E a partir das histórias que ela conhecia,
não era um demônio que um único guarda de mausoléu, não importa o quão
bom coração e bem-intencionado fosse, poderia ter parado.
Pela terceira vez naquela noite, seu coração foi para Mr. Palter. Mas
sua simpatia por ele não era o suficiente para deixar a Sra Palter
livre, pois a mulher estava perdida; o que restava contorcendo-se sob
Hal e Alena não era a esposa do Sr. Palter. Isso seria uma coisa
impossível para ele entender. Hal acenou para Alena, que preparou-se
para mergulhar sua lâmina. Mas, nesse momento, o Sr. Palter lançou-se do
altar, Seu corpo colidindo com Hal e Alena.
Aquele instante foi o suficiente para que a mulher se libertasse.
A Sra Palter saltou para seus pés, e Hal podia sentir o poder
acumulando-se nela. Então a Sra Palter abriu a boca e rugiu para Hal e
Alena. O som não era diferente do uivo de um lobisomem. Algo agarrou-se
na mente de Hal, enquanto ela e Alena saltaram para a mulher.
E o lobisomem? As peças ainda não se encaixavam. As trilhas na
floresta – elas tinham visto rastos claros de lupinos. A vaca que havia
sido devorado - corretamente devorada com os ossos e dentes deixados
para trás. Isso não era obra da Sra Palter, era?
As contemplações de Hal lhe custaram um golpe da Sra Palter, que ela
teria facilmente esquivado, se estivesse totalmente focada na briga. A
mulher fugiu de seu alcance e, em um movimento brusco, esfaqueou o
esposo no peito.
Hal e Alena estavam sobre ela antes que ela pudesse puxar a faca para apunhalar novamente, mas o estrago já estava feito.
Era quase impossível manter a mulher no chão, tão poderosos eram
cada um de seus movimentos, alimentados por seu contrato demoníaco, o
que forçou as duas a segurar apenas um braço.
Mas Hal e Alena eram bem treinadas; aquilo era muito parecido a lutar
com um moldgraf, e agora Hal tinha virado toda a sua atenção para a
batalha.
Embora a Sra Palter lutasse com toda sua força, tudo o que ela conseguiu fazer foi levantar a cabeça.
Então, seu capuz caiu. Pela primeira vez desde que elas se conheceram na floresta, Hal e Alena Encararam o rosto da Sra Palter.
Tão desfigurado pelo poder do demônio, de modo tão terrível a carne estava dilacerada, que Hal gritou.
A Sra Palter sorriu. Então ela começou a cantar, e quando o fez, sua
íris mudou de azul-claro a escuro, brilhante e preto. O preto
espalhou-se rapidamente para preencher a totalidade de seus olhos.
Hal olhou para Alena, que assim como ela estava lutando apenas para
manter a Sra Palter para baixo. Não havia nada que eles pudessem fazer
Quando a mulher conjurou a enorme quantidade de poder demoníaco e as
arremessou para longe.
Hal voou através do ar Até e bateu na lateral de um tronco de árvore.
Dor irradiou para fora de seu ombro e na lateral de sua cabeça enquanto
ela caía no chão.
Ela lutou para se levantar, para forçar seus membros a se mover do
jeito que ela queria, para obrigá-la a concentrar a visão. A dor no
lado da cabeça era como uma lâmina que foi abalroando por todo o seu
corpo, empurrando-a para baixo. Mas ela não podia permitir, ela não
quis, porque lá, na sua frente, Alena, estava sendo massacrada pelo
punhos da Sra Palter.
E Então a Sra Palter sacou sua lâmina.
"Não." O grito de Hal, embora alimentado por seu desespero, quase não
fez um som algum. Ela lutou contra a fraqueza em suas pernas,
empurrando-se a seus pés. Mas ela não era rápido o suficiente. lâmina da
Sra Palter desceu.
O grito estrangulado de Hal nunca foi ouvido, Porque foi subjugado
pelo som do rosnado de um licantropo. O curso da lâmina da Sra Palter
foi interrompido, e a mulher foi jogada ao chão por um único golpe do
membro anterior de um lobo. O sangue dela voou por toda parte,
chicoteando fora dos dentes e garras da besta gigante.
Alena rolou para longe da briga, e Hal estava ao seu lado em um
instante. Juntas, elas mergulharam Suas lâminas em fúria na Sra Palter.
Enquanto a maldição demoníaca esvaia-se dos membros sem vida da mulher, seu corpo esvaziou-se, e murchou no chão aos seus pés.
Isso deixava Hal e Alena ombro a ombro, cara a cara com um enorme licantropo ofegante.
Antes que pudessem agir, antes que pudessem se comunicar, houve um
rosnado das árvores à sua esquerda. E, em seguida, um da direita. Um
atrás, na frente dois. Em seguida, em torno delas, olhos amarelos
brilhantes, refletiam a luz prateada da lua.
Eles foram cercadas. Quantos eram? Uma dúzia, talvez duas.
Hal sentiu a tensão de Alena. E não era aquela tensão conhecida - a
menina estava rígida. Hal ergueu o punhal ensanguentado, travando os
olhos com o maior dos licantropos, um pé diante deles. Se elas fossem
morrer hoje à noite, não seria sem uma luta.
Mas, enquanto se preparava para atacar, o licantropo mudou de forma.
Aconteceu tão depressa que Hal mal percebeu. De repente, o animal era
uma mulher humana, um com linhas duras e uma figura impressionante. A
lua de prata brilhou na pele pálida da mulher e nas pontas brancas de
seu longo cabelo. Nunca antes ela visto um licantropo voltar à forma
humana, no calor da batalha. Nunca. Era impossível. No entanto, aqui
tinha acontecido.
Por um momento, nenhum dos três deles se moveu. Então Hal ergueu a
adaga e muito lentamente, mantendo Contrato visual com a mulher,
colocou-a no chão. Alena lançou um olhar interrogativo para Hal, mas,
registrando a certeza de Hal, ela começou a fazer o mesmo.
Hal pensou ter visto um leve aceno da mulher nua diante delas, em
seguida, a mulher virou-se para o resto da alcatéia circundante, todos
respirando de forma pesada, prontos, com fome.
A mulher balançou a cabeça uma vez.
Um gemido soou em resposta, apenas um, e, em seguida, a alcatéia virou e desapareceu nas árvores de Ulvenwald.
Hal e Alena foram deixadas sozinhas com a mulher que acabara de salvar suas vidas.
Hal limpou a garganta. Ela ia dizer obrigado, mas as palavras não
saíam. Em vez disso, ela desabotoou o casaco e ofereceu-o para a mulher.
"Obrigado." A mulher pegou o casaco de Hal.
"Obrigado", disse Hal, após encontrar sua voz.
"Eu não fiz isso por você. Eu a estava perseguindo." Ela apontou para
a Sra Palter. "E aos outros como ela. Há muitos nas nossas cidades."
"Então os rastros eram seus," Alena disse. "E você comeu a vaca."
A mulher ignorou Alena. "Se não fosse por meu desejo de acabar com sua vida miserável, eu não teria salvo suas vidas."
Hal pensou naquela afirmação.
"Mas, como vocês sobreviveram", continuou a mulher, "Eu vou dizer-lhe isto apenas uma vez: Parem de matar minha família."
"Os lobisomens?" Alena perguntou.
"Se você não fizer isso, vou ser forçada a Tomar uma atitude. E quando eu fizer isso, eu vou acabar com vocês".
A maneira como a mulher disse isso não era uma ameaça, apenas uma declaração de fato.
Hal respondeu. "Esta é a nossa floresta. Ulvenwald está sob nossa proteção."
"Não podemos permitir lobisomens em nosso domínio", acrescentou Alena.
"Vocês não tem escolha", disse a mulher. "E é tolice pensar que vocês
duas podem manter esta floresta segura do que está por vir. É insensato
até vocês pensarem que podem sobreviver. Partam, pequenas caçadoras.
Deixem a mata para nós."
"Nós nunca faríamos isso." Alena disse com as mãos apertadas em punhos.
"O que está vindo?" Hal perguntou, séria.
"Eu não sei."
Alena bufou, mas ela não se distraiu. Havia algo sobre essa mulher que cativava Hal.
"Eu não sei exatamente", disse a mulher. "Mas", ela indicou o altar, e
a Sra Palter, "Eu já vi o suficiente, para saber que o que está lá
fora, é pior do que lobisomens. Este mundo em breve precisará de nós.
Ele vai acolher o som de nosso uivo, o músculo de nossa alcatéia. Nós
podemos ser a única força capaz de lutar contra o que virá ".
"Vamos lutar contra tudo o que ameaçe Ulvenwald", Alena disse. "Não há nada que não enfrentaremos."
A mulher suspirou. "Se você ficar aqui, você terá de enfrentar sua
morte". Ela deixou cair o colete de seus ombros. "Você não pereceram
esta noite Porque eu não permiti. Só por causa de um lobisomem.
Considere isso. Ou não. É com você. Mas saiba isso - que eu estou
aconselhando que você saia. Saia de Ulvenwald, e quando o fizer, fique
longe. E reze, se isso é algo que você faz. "
"Nós não-" Alena começou, mas a mulher já tinha partido.
Alena olhou para Hal. Algo nos olhos dela dizia que elas deveriam correr.
Ela só não conseguia descobrir para que lado.
__
Kord Arlinn disparou Entre as árvores emaranhadas.
Seres humanos tolos. Como poderiam ser tão cego?
Ela esperava que ela não fosse obrigada a matá-las um dia. Elas eram
fortes e selvagens. Características que ela valorizava. Em outra vida
ela poderia ter-lhes amizade. Mas essa não era tal vida.
Nesta vida, Arlinn não poderia ter amigos.
Fonte: Liga Magic
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