Olhar Vazio e Sem Fim
"Sombras em Innistrad"
As preces de dez mil almas se abateram sobre Avacyn como uma fina garoa, sussurros carregados de esperança e medo.
“Avacyn olhai por meus filhos. Avacyn, tornai minha colheita forte. Avacyn , fazei a
dor parar. Avacyn conceda-lhe uma morte limpa, Avacyn ...
Era um de seus retiros favoritos - um vale desolado nas passagens das montanhas no sul de Stensia. O frio era absoluto nesta altura. Gelo cobria toda a superfície, não permitindo que nenhuma vida existisse. Avacyn não sentia o frio. Ela apreciava a solidão, a pureza do espaço amplo, a companhia do nada, além do gelo crepitante, o assobio do vento, e os sussurros das orações.
As orações se faziam sempre presentes, uma insistência constante no fundo de sua mente. Ao despertar, as orações já estavam lá. Eles eram poucas no começo, tímidas e simples, mas ao longo do tempo o número de orações cresceu, e elas tornaram-se mais diretas, mais suplicantes. “Protege-nos, salva-nos, ajuda-nos...”
"Ajude-me!" Uma oração em pânico rompeu os murmúrios habituais. Uma voz de mulher, uma mulher com dor. "Meu filho! Meu filho! Por favor! Minha Avacyn!"
Avacyn focou na oração, na mulher a enviando, e viu uma imagem dela correndo e chorando no meio de um grande prado. Avacyn subiu além dos topos das montanhas e desceu para o sul em direção à Gavony. Embora ela ouvisse milhares de orações de todo o mundo, ela raramente tinha tempo para resolvê-las individualmente.
Desde o início a existência de Avacyn tinha sido para PROTEGER.
Mesmo agora, uma cascata de imagens de seus primeiros momentos de existência surgia em sua mente. Flashes de um mundo envolto no outono e no sangue, e os predadores prestes a assolar as presas. Vampiros e lobisomens. Demônios e zumbis. Geists... Cada um gravado na mente de Avacyn, em sua própria identidade, como uma ameaça a ser combatida e lavada. Proteger os mortais em todas as formas e tamanhos, definidos pela sua fragilidade e sua devoção.
PROTEGER.
E, ao longo do tempo, a compreensão de Avacyn sobre esta palavra cresceu, tornou-se mais matizada. Protegê-los. Este conceito era a essência de Avacyn.
A cada ano que passava, o propósito da sua existência desdobrava-se em uma beleza cristalina. Ela não estava destinada a lutar com cada monstro, parar todo o mal. Esse trabalho teria sido impossível.
Em vez disso, ela guiava e inspirava, reforçando a fé dos seres humanos. Esta fé, por sua vez, reforçando o poder dos amuletos que a humanidade usava como proteção contra a depredação do mal. Haveria, sim, ocasiões em que Avacyn lutaria, quando algum poderoso mal maior iria exigir sua atenção pessoal. Mas sempre haveria muitas lutas, muitas orações, para Avacyn responder a cada uma delas.
Porém, ocasionalmente, uma oração a tocaria diretamente. Uma oração imbuído de uma fé tão fervorosa, ou desespero, que Avacyn sentia algo como um puxão para ajudar.
No início de sua existência, ela tivera pouca consciência dessa atração; Ela sabia apenas que deveria intervir pessoalmente em determinados eventos. Mas ao longo dos séculos ela passou a ter mais controle sobre quando e onde ela própria iria agir. O poder da oração desta mãe, em seu pânico, Atingiu Avacyn. O amor da mãe por seu filho era puro e imaculado, e tal pureza Compelia a ação direta de Avacyn.
Avacyn acelerou através dos vales montanhosos de Stensia, traçando um caminho direto à suplicante - a força da oração da mulher uma baliza brilhante na mente de Avacyn. O manto cobrindo as montanhas mudou de neve para árvores, da tirania do branco sem fim ao verde, marrom e laranja, anunciando a vinda da lua cheia. Avacyn não era propensa à reflexão, mas ela não podia deixar de sentir satisfação em tudo que havia sido feito desde a sua libertação da Câmara Infernal. Os lobisomens se foram, alguns curados, outros Transformado nos Wolfir, novos aliados para Avacyn e seus anjos. Os diabos e demônios foram dispersos, e, em uma das poucas vezes que isto acontecera, desde Avacyn despertar, os vampiros estavam em retirada.
A humanidade estava livre de seu longo cerco da escuridão, e a civilização florescia.
Era uma nova era para os seres humanos. Era uma nova era para o mundo. E Avacyn estava lá, continuando a proteger os seres humanos e proteger o mundo, como ela sempre fizera.
Avacyn não gostava de sorrir, ela nunca tinha entendido o ponto daquilo, mas, isso, é o que ela suspeitava que os seres humanos sentiam quando o faziam - A satisfação profunda e duradoura.
Parecia ... correto.
Avacyn notou a luz pálida do sol, logo cair abaixo do horizonte. A noite chegaria em breve. Quando ela chegou acima de um prado escasso, fora de uma floresta escura, ela viu uma mulher deitada na encosta gramada fora do primeiro anel de árvores, chorando e gritando um nome. " Maeli! Maeli!" A mulher levantou-se e caminhou em direção à floresta.
"Suplicante. Você me chamou." O tom de Avacyn era calmo, tranquilizador, mas a mulher se virou em um súbito horror, antes de reconhece-la
"Avacyn! Você veio! Você veio! Meu filho, por favor!" A mulher estava desesperada, e levou tempo para ela se acalmar e dizer para Avacyn o que ocorrera. Seu filho tinha fugido de casa, e tinha sido visto correndo para dentro da floresta. E, enquanto o mundo era muito mais seguro desde o retorno de Avacyn, ele ainda não era um mundo seguro. Especialmente para as crianças. A mãe estava prestes a enfrentar a floresta por seu filho, arriscando a morte para ambos. Avacyn garantiu à mãe que iria tentar encontrar a criança.
Tal questão teria sido trivial se a criança estivesse orando para Avacyn. Mas, quando Avacyn virou seu foco para as centenas de orações em sua cabeça, nenhuma delas era de uma criança perdida em uma floresta. Ainda assim, havia outras maneiras de encontrar a criança.
Avacyn sobrevoou a floresta escura Até se aproximar de seu centro. Ela canalizou sua energia para cima, através de sua lança, e a lâmina de metal brilhou. Mais e mais brilhante, até que, a luz eclipsou o sol poente. Avacyn canalizou ainda mais poder, iluminando todo o céu acima da floresta. Ela podia ouvir os pássaros, os animais e coisas ainda maiores na floresta abaixo, todos tentando fugir da luz brilhante.
Avacyn projetou energia em sua voz. "Maeli! É Avacyn! Chamai-me!" Sua voz ecoou pelas árvores e em toda a floresta. Então Avacyn ficou em silêncio. Ela esperou por um choro de criança, mas não encontrou nada além do silêncio.
Nenhuma voz veio floresta, mas uma oração sim. “Avacyn, por favor, estou perdido, e eu sinto muito, e eu estou molhado, e eu ouvi ... “
Avacyn sentiu a localização da criança em sua mente, e se abateu para baixo, para um local na floresta a poucos minutos de distância. Ele era uma criança pequena, um menino, e estava encolhido na curva de uma árvore.
O menino olhou para ela e para ela lança brilhante. "Avacyn?"
"Criança, venha a mim. Você está seguro agora. Vou te levar para casa." A voz de Avacyn era ainda mais suave agora, o mais suave que ela pudesse fazê-lo. Avacyn sempre se sentia mais confortável com as crianças. Sua inocência, sua sinceridade, eram tão mais fáceis de se compreender. O menino se aproximou dela, Avacyn colocou sua lança de lado e recebeu-o com o outro braço.
Juntos, voaram para fora da floresta.
Levou apenas alguns momentos para ela encontrar a mãe na periferia das árvores e dar-lhe a criança. A mãe e a criança choravam abraçadas uma à outra. Avacyn desejou que cada momento de cada dia fosse como este. Famílias se reunindo. Medos sendo apagados. Felicidade sendo criada. É por isso que ela existia.
Satisfeita com seu trabalho, ela começou sua subida de volta para seu retiro montanhoso. Então, um brilho violento explodiu em seu corpo, turvando a sua visão.
Tudo na frente dela se dobrou. As árvores, a mãe e a criança, cada folha de grama. Tudo. E, então, dobrou-se novamente.
Uma dor lancinante percorreu sua cabeça e ela caiu no chão, desorientada. Sua visão ficou branca e, em seguida, surgiu a imagem de muitos obeliscos de pedra, recobertos de runas intrincadas, flutuando, movendo-se em conjunto... e, então, tudo voltou ao normal.
Avacyn tentou identificar a origem do ataque. Poucos vampiros seriam poderosos o suficiente para lançar tal ataque. Um lorde demônio, talvez ...
Havia um zumbido suave em seus ouvidos. Um baixo zumbido constante, nem elevado nem muito baixo em volume. Era só ... algo misturado às orações sussurrando em sua cabeça. A parte de trás do pescoço de Avacyn enrijeceu, e tremores involuntários disparavam do pescoço dela pelo resto de sua cabeça, como se em alarme para um ataque. Mas nenhum ataque veio. Ela balançou a cabeça, na esperança de limpar o zumbido, mas ele manteve-se no fundo de seus pensamentos.
Os dois seres humanos ainda estavam ali, na frente dela, segurando um ao outro, aparentemente imunes a tudo o que tinha atingido. Enquanto Avacyn observava, as lágrimas da mãe secaram, o rosto suave foi tomado pela raiva. "Como você pode fugir assim? O que você estava pensando? Criança estúpida!" Ela empurrou a criança para longe dela violentamente. O rosto do pequeno ser humano contorceu-se com medo, e ele começou a chorar.
“As sementes dos homens estão podres”. Avacyn não sabia de onde o pensamento viera. Era como uma oração, uma missiva direta à sua cabeça, embora nenhum mortal as tivesse proferido.
“As sementes dos homens estão podres”. Avacyn olhou atentamente para a criança, e onde ela antes havia visto a inocência, ela agora via outros detalhes. A pele ferida, o nariz escorrendo, as crostas e crosta de decomposição orgânica. A face melancólica, a necessidade de consolo após fazer algo errado.
Ela olhou de volta para a mãe, o rosto irritado já voltando ao normal, tentando tranquilizar o choro da criança. “Esses mortais viajam da raiva para a culpa e de volta outra vez, e o que muda?” Avacyn olhou para a criança, seu choro inabalável. “Como é curta a vida desses mortais. Hoje a pequena forma de uma criança. Amanhã um homem, sujo, rude, propenso a raiva e crueldade. No dia seguinte, sua carne sendo consumida por vermes, vermes se contorcendo na poeira ...
Avacyn afastou-se, seu equilíbrio perdido, sua mente confusa. Ela alçou vôo, indo para frente e para trás no céu, com uma incomum falta de graça, deixando Ambos os seres humanos abaixo. Ela procurou ouvir orações, mas cada palavra era abafada pelo zumbido. Ela não conseguia distinguir as orações sobre o ruído constante. Em vez disso ela voltou para as mesmas palavras repetidamente, palavras cravadas em seu cérebro como uma lança.
“As sementes dos homens estão podres.”
Avacyn fugiu, buscando refúgio de sua própria mente.
___
Macher cruzava o pátio de clausura no santuário interior da igreja, um mal estar mordendo-lhe o estômago.
O pátio era normalmente um lugar de conforto sereno para ele. Um jardim exuberante, belo, onde ele poderia fugir dos horrores e dores do mundo, especialmente nas noites escuras e frias, quando nenhum outro sacerdote andava por lá.
"Quando a dor está dentro da alma, não há lugar seguro para se refugiar."
Macher parou de andar debaixo do símbolo de prata de Avacyn, montado em um poste de ferro longo no centro do pátio.
Sob a luz laranja escura da lua de colheita, as bordas pontiagudas de prata do símbolo de Avacyn pareciam prontas para escorrer e cair no chão coberto de musgo abaixo, uma ilusão lunar interessante. A mente de Macher frequentemente ocupava-se com a natureza das ilusões. “Avacyn é real, não é?”
Macher não tinha dúvidas - Avacyn existia, é claro. Ela já a tinha visto, assim como seus anjos. Avacyn era real, isso não estava em questionamento. "Mas ela é digna de adoração? ela é o nosso Deus?"
Desses pensamentos, ele não podia escapar.
Ele tinha sido um verdadeiro crente a maioria de sua vida. Ainda era apenas uma criança quando sua família o havia abandonado na porta da paróquia, um destino de muitas crianças neste canto de Gavony.
Ele tinha sido alimentado e vestido e protegido pela igreja. E, pela igreja, introduzido à doutrina da Avacyn mesmo antes que pudesse ler.
As dúvidas tinham começado no ano passado, quando Avacyn tinha desaparecido misteriosamente.
Tinha sido um tempo sombrio, os horrores do mundo pressionando sobre Gavony e quase a destruindo. Macher tinha conhecido Mikaeus, o ex-Lunarch, e a noite em que o vira como um zumbi, tinha sido a pior de sua vida.
Mas, em seguida, Avacyn havia retornado, e Gavony agora era tão segura como nunca tinha sido. Então, por que surgiam dúvidas após o triunfo?
Os rumores corriam desenfreados através do clero, de que Avacyn tinha sido aprisionada, encarcerada na própria Câmara Infernal em que tantas criaturas das trevas tinham sido seladas. Os padres falavam de milagres, do poder de Avacyn libertando-a da prisão, trazendo uma nova era de luz para o mundo.
Mas como poderia um deus ser preso, em primeiro lugar?
A oração lhe ocorreu espontaneamente, e ele deu um sorriso triste. “Avacyn, por favor, exista. Por favor, seja verdadeira.”
A lua cheia brilhava laranja no ar fresco da noite. O símbolo de Avacyn foi completamente emoldurado pela lua, e parececia brilhar e retorcer-se sob a luz laranja. Macher observava, paralisado, e perdeu-se no suave brilho da lua.
Houve um bater de asas atrás dele.
Macher girou, boca aberta, e viu um anjo.
Impressionantes olhos brancos com grandes asas negras e brilhante, cabelo prateado, tingindo com tons de laranja e vermelho pela luz da lua. Uma lança longa de moonsilver, emitindo um brilho branco, com faíscas de vermelho na ponta, em suas mãos.
Avacyn.
A própria Avacyn, descera no pátio.
Ela desceu, dobrando as asas atrás dela, e olhou para Macher. Ele nunca tinha visto antes os seus olhos. A íris branco-marfim. O negro que emoldurava a íris chamou sua atenção...
"Você ouve as abelhas? Você ouve seus gritos?" Seu olhar disparava freneticamente de um lado do pátio para o outro.
Macher não entendia ao que ela se referia, nem por que ela aparecia ansiosa. "Avacyn, você veio! Você está aqui!". Ele havia orado à Avacyn, e agora ela estava aqui, perante ele. Ele se sentiu envergonhado por sua dúvida em seu Deus. “Ela está aqui para me levar de volta para a luz, a verdade.”
O rosto de Avacyn alterou-se. Ela parou de olhar de lado a lado e focou-se em Macher. "Você orou por mim para vir." Sua voz era fria. "Você orou para mim. Você orou para mim Porque você duvidava." Havia algo em sua voz agora, uma pausa antes de algumas palavras, como se estivesse ouvindo algo, ou alguma coisa. Ela levantou a lança. "Há outras maneiras de acabar com suas dúvidas." Seus lábios moveram-se para cima, tremendo, uma zombaria desajeitada de um sorriso.
Macher tremeu na escuridão, olhando para a lua e sua luz laranja brilhante, desejando que estivesse em outro lugar.
"Você é puro?" Suas palavras fluíram como o mel.
"Eu ... o quê?" Macher não entendia. Muitas vezes ele tinha imaginado encontrar-se com Avacyn. Nunca, porém, havia imaginado uma interação como esta.
"Você. É. Puro?" Agora cada palavra clara e nítida como cristal.
"Sim! Eu sou puro!" Macher ficou aliviado. Seu deus estava zangado com ele. Ela tinha motivos. Ele tinha duvidado, mas agora suas dúvidas se foram. "puro em ..."
As palavras delas abafaram as dele, deixando-os sem espaço para ser ouvido. "É claro que você não é puro. Como poderia ser? Você nasceu." O desprezo em sua voz quando ela disse a última palavra era inconfundível. Ela olhou em seus olhos, e ele viu a escuridão brotando, uma escuridão sem fim, ameaçando engoli-lo inteiro ... ele ficou tonto, e quase tropeçou no chão, perdendo de vista seus olhos.
As tonturas passaram. Ele estava de volta, tomando cuidado para não olhar para ela diretamente. “Não somos destinados a contemplar a divindade.”
"Você perdeu a fé em mim tão facilmente, mortal?" Os lábios de Avacyn se curvaram de forma que teria sido um sorriso em um ser humano.
Macher congelou, incapaz de formar palavras coerentes em resposta.
Ela continuou, ignorando-o. "A questão mais interessante é ..." ela fez uma pausa e olhou para o céu escuro da noite, como se a lua estivesse falando com ela, "... eu perdi a fé em você?" Ela olhou diretamente para ele. Ele queria gritar, mas as palavras não vinham. Um fluxo molhado desceu por sua perna, empoçando-se nos Seus pés. O Terror o alcançou, e ele caiu no chão coberto de musgo, com os olhos bem fechados.
Mesmo através de seu medo e olhos fechados, ele podia sentir a luminescência se aproximando. Um arrepio sacudiu a coluna vertebral e ele gritou. O grito diminuiu, e ele ouviu um sussurro "Logo", enquanto penas raspavam em seu rosto.
Um bater de asas, e a luminescência desapareceu.
Demorou um bom tempo antes que ele abrisse os olhos.
Ele ficou ali, jogado, durante toda a noite, envolto em uma certeza aterrorizante acerca da natureza do seu Deus.
__
Liont acordou para o belo sol de inverno. A luz fraca em seu rosto, insistia em acorda-lo.
Normalmente as persianas estavam fechadas para evitar tal despertar tão cedo, mas ele tinha esquecido de fechá-las na noite passada. Uma das persianas de madeira pendurava-se torta entre as demais. “Vou ter que arrumar isso mais tarde.”
Ele perguntou de sua esposa como ela passara a noite, mas ela não respondeu. Ela tinha ficado acordado até tarde. Era incomum para ele ser o primeiro a levantar, muito mais comum era ser acordado pelas carícias de Hilde ou pelas vozes das crianças. Ele ficou de pé, afastando os lençóis esfarrapados e rasgados. Ele tinha um dia inteiro de trabalho à sua frente, e queria começar.
Seu negócio estava crescendo -nunca tinha havido tanto serviço para sua ferraria. Ele estava na forja ou na bigorna durante a maior parte do dia, e ele provavelmente iria precisar de um segundo aprendiz em breve. Desde o retorno de Avacyn no ano passado, a demanda por novas ferramentas e arados estava em alta.
E desde o Cursemute, Liont era confiável para satisfazer tal demanda.
O Cursemute. Tudo mudara com o Cursemute, uma bênção forjada pela magia de Avacyn. Alguns lobisomens tinham sido transformados em servos de Avacyn, os Wolfir. Mas Liont tinha sido totalmente curado, e, por esta raça alcançada, ele oferecia suas preces à Avacyn todos os dias. Ele estava de volta com sua família, de volta em sua casa. Capaz de viajar para a cidade, e olhar as pessoas nos olhos, e não ter medo. A ausência de medo era maravilhosa, a ausência de medo, preocupação e peso. Não havia mais a constante preocupação em suas entranhas. Não mais olhava para a lua, perguntando-se se a noite traria a escuridão, a verdadeira escuridão. Tudo isso dissipado pela luz, graças ao poder benevolente de Avacyn. Ele tinha uma vida novamente. Uma vida com sua família.
Vestiu-se, pegando roupas espalhadas no chão. “Precisam de remendo. Vou pedir de Hilde esta noite”. Ele tentou acordá-la novamente. Ela estava grogue, mal se mexendo, e sua fala ainda estava fraca e baixa.
"Bom dia, marido." A boca de Hilde era mansa e delicada. Liont queria dizer a ela uma piada, para ver seu belo sorriso, mas Hilde não tinha lá o melhor senso de humor pela manhã.
"Eu estou indo para a ferraria, eu preciso começar os arados do Nickers. As crianças ainda estão dormindo." Hilde não respondeu. "Está tudo bem, querida?"
Olhou mais de perto.
A voz de Hilde ainda estava mole, fraca. "Os poxes estão fora em flor."
Liont estava feliz que ela estava acordada. "Bom, querida, bom. Eu estarei de volta ao meio-dia para o almoço."
Sua voz ficou mais alto, mais fria. "Liont. Quando baterem na porta, não abra."
Um arrepio desceu pela espinha de Liont." Quando baterem ... " mas ele deixou pra lá. Hilde já tinha voltado a dormir.
“Ela deve ter ido dormir muito tarde.”
Eu fui para a cama de seus filhos, passando por cima de cacos de madeira e vidro, triturando-se sob seus pés. "Quando Hilde acordar ela não ficará feliz com essa bagunça. Vou varrê-los mais tarde."
Primeiro ele foi à cama de Talia. Ela não se moveu, seus olhos brilhantes, normalmente, tão felizes em vê-lo, fechados. Ele a Sacudiu suavemente e seus olhos se abriram.
"Bom dia, pai." Sua voz era apática, sem brilho. “Ela deve estar cansada. Vou deixá-la descansar.”
"Volte a dormir, minha filha." Abaixou-se e beijou-a, seus lábios quentes tocaram sua testa fria.
"Pai Quando baterem na porta, não abra." Ela parecia assustada, mas quando ele se ergueu de beijar sua testa, ela já tinha voltado a dormir.
Liont percebeu que ele estava com medo também, mas colocou-o de lado. Era estranho sentir o medo em uma manhã de inverno brilhante, com o sol derramando através de janelas quebradas e grandes rendas nas paredes. “Está aqui. Vou ter que fechar esses buracos”.
Ele parou brevemente no outro lado da cama para dizer adeus para seu filho.
Kan era alguns anos mais jovem do que Talia, a idade perfeita para querer fazer todas as coisas que Sua irmã mais velha fazia, mas de uma forma que a enfurecia. Na maioria dos dias, nesta hora, ele já estaria correndo em volta da casa, saltando nas paredes até sua mãe deixá-lo ir para fora para brincar no quintal cercado, Entre a casa e a ferraria. Mas Esta manhã ele apenas deitava quieto e imóvel.
Enquanto Liont estava ali olhando, os olhos do menino se abriram.
"Bom dia, pai." Liont mal podia ouvir ele, a voz era tão fraca. Liont se perguntou se o rapaz estava doente, se eu precisava de um curandeiro ...
"Pai. Quando baterem na porta, não abra." Os olhos do menino estavam fechados novamente, e Liont notou quão tranquilo o quarto estava, em silêncio, exceto pelo som da respiração pesada de uma única pessoa. Apesar de todo o sol e vento frio assobiando através das fendas abertas nas paredes, Liont sentiu-se entupido, uma pressão na cabeça que não iria embora.
Sua cabeça curvada sob a dor de pressão. O quarto estava impregnado de um aroma amargo. Ele tinha que sair da casa. Três vozes gritaram em sua cabeça, "Quando baterem na porta, não abra!"
Houve uma batida na porta.
Liont levantou a cabeça. Ele olhou para a porta. Mas não havia nenhuma ali. Onde a porta estava Normalmente, só havia a luz do sol. “Quando baterem na porta, não abra”.
Mas não era só a porta - as dobradiças estavam retorcidas e dobradas. “Vou ter que forjar novas dobradiças. Mas primeiro eu tenho que começar a fazer arado de Nickers e então” ...
Houve outra batida na porta. Uma batida pesada, que ecoou por toda a sala.
“Quando baterem na porta”... Liont olhou novamente para o espaço aberto, onde houvera uma porta. Algo estava errado. Por que a sua casa estava em pedaços? “Eu não tenho tempo para limpar isso agora. Eu tenho que chegar à ferraria”.
Mais batidas.
“Como pode? Não há porta”. A dor floresceu em sua cabeça, dor tão brilhante e fresca, que ele caiu de joelhos. Seus olhos se fecharam e ele viu uma porta brilhante em sua mente, uma porta brilhante pulsando em vermelho. Ele ouviu mais batidas, batidas pesadas, e elas estavam vindo de trás da porta vermelha, a porta em sua mente. Ele só tinha que abri-la, para parar. Tudo estaria bem se a batida parasse. Ele estendeu a mão em sua mente para “... não abra”.
Liont agarrou a maçaneta da porta dentro de sua cabeça e a empurrou para baixo, mas ela não queria virar. Ele empurrou, e empurrou de novo, rosnando.
A maçaneta rodou.
Liont abriu a porta. A realidade suprimida irrompeu. Ele viu o que estava por trás da porta.
"Não não não não não não ..." ainda de joelhos, ele balançava para frente e para trás, segurando a cabeça com dor e raiva. O sangue estava por toda parte. Nas paredes, na cama, no chão. Suas mãos e corpo estavam cobertos dele, o sangue cobria as roupas rasgadas que ele tinha vestido minutos antes.
Ele Olhou para o corpo de Hilde, com o rosto congelado, em horror, enquanto ela estava deitada imóvel na cama. Quem tinha feito isso?
Ele sabia quem.
Imagens febris levantaram-se em sua mente. O rosnando, os gritos, as garras erguidas sob o luar... Ele levantou a cabeça e uivou Sua agonia para o sol de inverno frio, o sol que se seguiu à lua do caçador.
O Cursemute. O que aconteceu com o Cursemute? O que ele tinha feito não era possível. Ele estava livre da maldição. Livre! Ele rosnou uma oração ao ar, "Avacyn! Por que você me abandonou! Avacyn!"
Ajoelhado, lá, chorando por um longo tempo, ele desejou morrer. Ele queria sua família de volta. Ele queria ouvir o riso de Talia e Kan. Ele queria ouvi-los brigando. Ele queria que fosse novamente ontem. "Por favor, deixe ser ontem. Deixe-me ir dormir e acordar no dia de ontem. Eu vou acordar e vou partir. Vou sair e nunca mais voltar. Basta deixar ser ontem, vamos ..." o telhado de sua casa explodiu acima dele.
Liont olhou para cima, olhando para a figura pairando acima dele, uma figura com asas e cabelo prateado e uma grande lança brilhante. Seria possível ...? ela poderia ser capaz de ...?
Sua voz afogada com a dor, as palavras mal conseguindo se formar, "Por favor ... por favor." O anjo, Talvez fosse Avacyn, não respondeu, nem parecia ouvi-lo falar. Ela apontou sua lança para ele, e a ponta ficou brilhante, mais e mais brilhante, e um disparo atingiu-o no peito, queimando roupas e pele.
Ele gritou em agonia, mesmo abraçando a dor. “Isto é o que eu mereço. Mas ainda assim, talvez o anjo possa salvar sua família. Sua visão esmaecia. Ele tinha que ...
"Misericórdia, por favor, misericórdia para ..." a boca parou de funcionar, seus lábios pararam de se mover, e seu apelo continuou na crescente escuridão da sua mente. ... “Para a minha família. Para minha bela família. Por favor. Eles merecem “...
O anjo apontou sua lança para ele novamente. Os lábios dela moveram-se quando ela falou as últimas palavras que Liont iria ouvir.
"Justiça! Não há misericórdia." A lança brilhou.
“Misericórdia”, Liont pensou.
E, então, morreu.
__
“A tempestade está chegando”, pensou Sigarda. Relâmpagos no céu cinza escuro, mas nenhum trovão. Era raro ver uma tempestade no meio do inverno, a época dominada pela lua do caçador. O ar estava pesado havia dias, as nuvens cinzentas imóveis, e agora havia relâmpago sem trovão, uma tempestade sem chuva. Sigarda olhou para grandes áreas da floresta e ficou inquieta.
Ela estava em seu próprio solar, as paredes de pedra e quatro contrafortes grossos em nítido contraste com as vistas panorâmicas da floresta verde escura, salpicada com manchas de neve branca.
Sigarda podia ver por milhas em todas as direções e, muitas vezes, se recolhia aqui por longos períodos, em busca de contemplação silenciosa. O solar estava no topo de uma torre, há muito abandonada em uma floresta de Kessig, uma torre construída séculos atrás, quando os seres humanos tinham sido mais ambiciosos.
Haviam se tornado ambiciosos novamente. O retorno de Avacyn, no ano passado, marcou o início de uma nova era de paz e tranquilidade. Os seres humanos tinham se espalhando por toda a terra de novo, construindo novas casas e fazendas e vilas. Mas, nas últimas semanas, relatórios preocupantes surgiram em toda a terra. Levantes, desaparecimentos e matanças.
Uma sombra tinha surgido sobre o mundo, e Sigarda queria saber por que.
Um relâmpago iluminou o céu escuro, depois outro.
E entre os relâmpagos ela sentiu a aproximação de suas irmãs, que, momentos depois, pousavam em seu santuário.
Bruna, vestida de azul e branco armadura leve, com um manto de seda ornamentado em vermelho. Ela trazia seu cajado, e sua ponta estava brilhando com o poder, como se para derrubar um inimigo.
Gisela, envolta no vermelho e branco de sua esquadra - Goldnight. Suas lâminas gêmeas já fora de suas bainhas.
“Elas estão preparadas para a batalha”, pensou Sigarda. Ela lembrou de sua outra irmã, aquela que tinha morrido mil anos atrás, e ela estremeceu.
"Olá, minha irmã," Bruna falou, uma melodia estranha em sua voz.
"Você não respondeu à nossa convocação", Gisela disse.
Sigarda não tinha considerado aquilo uma convocação. Um anjo do Goldnight solicitou que ela visitasse Gisela semana passada, mas Sigarda estava ocupada, ajudando as Comunidades de Kessig na reconstrução.
"Eu estava ocupada com outras tarefas, irmã. Eu não percebi que havia um assunto urgente. Como posso ajudar?" Sigarda se perguntou se houvera um ataque contra os anjos. Isto poderia explicar por que Bruna e Gisela pareciam no limite.
"Não importa, agora," Gisela disse.
"Estamos aqui," Bruna disse.
Quando os dois anjos pousaram no Solar, estavam muito próximas, quase ombro a ombro. Mas agora elas se espalharam na sala, cada uma para um lado diferente. E a maneira como Bruna segurava seu cajado, e Gisela suas duas espadas, fez Sigarda, profundamente, lamentar não estar com sua foice, que se encontrava em um quarto no piso térreo. “O que está acontecendo aqui?”
"Apenas viemos ..." Bruna começou.
"Para conversar. Nós não te vemos há muito tempo. Irmã," Gisela terminou.
Os dois anjos continuaram a se mover para os lados, cada um na borda de sua visão periférica. Sigarda Não podia acreditar que as irmãs iriam atacá-la, mas a única explicação racional para as suas táticas era a preparação para um ataque. Sigarda nunca havia lutado com nenhuma das irmãs, mas ela estava confiante de que ela poderia dar cabo de Bruna, se pudesse chegar até sua foice - Bruna não era exatamente uma especialista em combate direto. Seus pontos fortes repousavam em outras áreas.
Gisela, por outro lado ... Gisela seria um problema.
Mais relâmpago lá fora, e houve uma explosão alta de um trovão. Enquanto o trovão diminuía, Avacyn desembarcou no solar.
Sigarda tinha não tinha notado a aproxiação de Avacyn, não da maneira que ela notou suas irmãs. Ela nunca tinha sido capaz de fazê-lo. Avacyn as liderava, mas não era uma delas, Como já tinha demonstrado há muito tempo.
Sigarda não podia negar o poder de Avacyn, sua capacidade para lutar contra os horrores de Innistrad e inspirar os humanos para continuar a sua luta.
Mas ela ainda sentia falta de sua irmã.
Agora Gisela e Bruna estavam ambas atrás dela. Avacyn pairava no ar, mais alta até do que Gisela, com a pele de alabastro perfeita e o cabelo prateado-branco impressionante. Sua lança Prateada brilhava, embora Avacyn não precisasse de uma arma para ser eficaz no combate. Se chegasse ao ponto de haver uma luta, Sigarda não seria derrotada facilmente por Bruna e Gisela. Mas contra Avacyn?
Se Avacyn lutasse, então Sigarda estava morta.
"Sigarda. A grande obra começará logo." A voz de Avacyn carregava uma mácula estranha. Quase um leve chiado ou zumbido. Inicialmente, Sigarda não notara nada de diferente, mas, agora, ela percebera que algo estava errado. Os pontos de metal de lança de Avacyn estavam retorcidos. Mesmo agora o metal parecia fluir, Sigarda observou. Ela se perguntou que tipo de poder Avacyn estava canalizando através da lança. Ainda mais inquietante eram os olhos de Avacyn. Normalmente de um branco puro, havia flashes estranhos de negro em suas íris.
Os três anjos sempre tiveram um relacionamento complicado Com Avacyn. Gisela, Bruna e Sigarda não eram verdadeiramente irmãs, pelo menos não da forma que a palavra tinha sentido para os seres humanos. Mas eles tinham surgido da mesma essência, nos mesmos tempos distantes, e haviam lutado contra os horrores do mundo juntos por muito tempo.
Antes do nascimento de Avacyn, mais de mil anos atrás, havia quatro irmãs - Bruna. Gisela. Sigarda. E a que elas não mais falavam o nome. a mais velha e poderosa delas.
Eles não sabiam o que fazer com Avacyn o começo. Ela era um anjo, uma delas, e não era, ao mesmo tempo. Elas não podiam detectá-la, da forma como podiam detectar outros anjos. Ela era fria, opaca, reservada. Sigarda sabia que muitos humanos pensavam a mesma coisa acerca dela e sua raça - Existiam muitas razões pelas quais era difícil para os anjos manterem relações estreitas com os mortais. Mas entre elas, havia a alegria de propósito compartilhado, da conexão que um Anjo só poderia compartilhar com outro de sua espécie.
Avacyn não compartilhava nenhuma conexão com os outros anjos.
Mas seu poder era inegável. As irmãs nunca tinham visto um anjo com o poder e confiança como Avacyn possuía. E, a cada um dos seus primeiros contatos, a confiança de Avacyn tinha sido intoxicante. Ela sempre parecia certo de cada ação que tomava, de cada plano que concebia.
Os seres humanos não eram as únicas criaturas que precisam de um deus em que acreditar.
E então Avacyn se virou contra sua irmã.
Era verdade que Sua irmã rebelde envolveu-se em ações não convencionais e fez aliados indesejáveis. Às vezes ela podia se associar à vampiros, bruxas, e até mesmo demônios e diabos. “Devemos conhecer os nossos inimigos, se quisermos derrota-los”, ela dizia. Muitas vezes ela atraiu a desconfiança e inimizade dos outros anjos, até mesmo de suas três irmãs. Mas as quatro tinham um vínculo profundo, e embora ela tivesse traçado um caminho muito diferente, elas ainda eram irmãs.
Até que a mais velha formou uma aliança com um lorde demônio, um ato condenado por todas elas. Avacyn a declarou uma herege, cúmplice dos mesmos inimigos que Avacyn e todos os anjos juraram combater. As outras três irmãs concordavam com Avacyn, mas não se juntaram em sua cruzada contra a irmã negra. Sua ajuda não fora necessária. Há mil anos, sozinha, Avacyn destruiu a irmã e suas tropas, e a simples menção de seu nome tornou-se proibida.
E agora Avacyn Talvez estivesse aqui foi para acabar com ela.
"A grande obra? Eu não estou familiarizada com ela..." Sigarda abrandou sua fala e sua respiração. Ela não podia ver Gisela nem Bruna, mas ela podia senti-las atrás dela. O ar estava pesado, e um cheiro podre emanava de algum lugar, incapaz de ser mascarado pelo odor afiado da tempestade que se aproximava.
"Por muito tempo a verdade esteve na nossa frente, mas estávamos cegas, Sigarda," Avacyn falou, suas palavras quase deslizando. "Nós lutamos contra monstros. Os vampiros, lobisomens, zumbis, os feiticeiros, bruxas e demônios. Por quê? Porque Eles destroem. Eles saqueiam e consomem. Eles cometem violência contra a terra com a única intenção de semear o caos." Avacyn fez uma pausa, olhando para Sigarda, os olhos negros brilhando, e Sigarda sentiu o quarto se encolhendo, fechando-se sobre ela.
"Por seus crimes, nós os temos punido e matado. Mas os crimes dos seres humanos são os mesmos." Então Avacyn sorriu, e Sigarda percebeu que em mil anos conhecendo Avacyn, ela nunca tinha visto seu sorriso. Não foi um sorriso bonito. Parecia totalmente desconectado do resto do seu rosto, seus olhos. Era como se alguma reação involuntária fizesse os cantos dos lábios moverem-se sem sentir felicidade ou alegria.
A voz de Avacyn aumentou, enquanto ela continuava, e suas palavras pontuadas tornaram-se mais, claras, o chiado desaparecendo. "Eles se reproduzem na sua sujeira, criando novos asseclas para destruir florestas, poluem a água, mentem e enganam e praticam assassinatos entre si. O que eles já fizeram de digno? O que eles já conseguiram de bom? Poderíamos matar cada suposto "monstro" deste mundo, todos os vampiros e lobisomens, e o que aconteceria? haveria paz? haveria luz duradoura? "
Avacyn viu a confusão no rosto de Sigarda, e o desgosto. Ela riu, uma risada áspera, quase uma gargalhada. "Você sabe a resposta, Sigarda. Você sabe a verdade."
E Sigarda sabia a verdade. Os seres humanos eram propensos a atos horríveis, atos intencionais e não intencionais de mal e negligência, ambos devastadores. Eles mentiam, e traíam, e assassinavam. Mas também faziam coisas maravilhosas. Eles se sacrificavam e serviam. Eles estavam livres para cometer o bem ou mal, criar ordem ou semear o caos, e essa liberdade fazia toda boa ação preciosa, um diamante reluzente brilhando na noite escura.
E, de qualquer maneira, nada disso importava. Independentemente de argumento de Avacyn ser convincente ou interessante, trair os humanos não era o papel dos anjos. Era como se Avacyn argumentasse que o sol deveria nascer no oeste, ou as marés não existiriam mais.
Sigarda não respondeu. Ela não viu o ponto em dar uma resposta. Avacyn não estava interessada em ter uma conversa. Em seu silêncio, Avacyn continuou. "Eu entendo, Sigarda. Estas são verdades duras, difíceis. Bruna e Gisela Levaram algum tempo para entender também. Mas, eventualmente, elas viram a luz."
À menção de seus nomes, suas duas irmãs falaram.
"Agora acreditamos que ...", disse uma.
"Irmã. A grande obra terá início", disse a outra. Quando ela não podia ver seus rostos, Sigarda percebeu que não poderia mais reconhecer a que pertencia cada voz.
"Vamos estar de volta. Logo," Avacyn disse. "Vamos precisar da sua ajuda. Os impuros devem ser limpos, devem ser punidos. Vamos abrir caminho para a verdadeira luz. Para nós e os outros como nós, que podem criar e manter a paz. Imagine, Sigarda. O fim violência, da guerra , da escuridão ".
"Luz eterna", disse uma voz atrás dela, embora ela não pudesse saber de quem.
Avacyn levantou sua lança e apontou-a para o telhado de pedra. Uma onda de poder saltou da lança, e o telhado ... desapareceu, Obliterado pelo poder de Avacyn. Apenas uma poeira fina caiu no chão abaixo, cobrindo os anjos em uma cinza de fuligem.
"Em breve," Avacyn Said, e voou para o céu cinza escuro. "Logo", Gisela e Bruna disseram atrás dela, e fizeram o mesmo.
Sigarda ficou em seu solar em ruínas, observando a dança de relâmpago entre os céus cinzentos, sem chuva. Lágrimas caíram de seus olhos, batendo no chão de pedra empoeirado. Ela pensou em sua irmã negra, mil anos morta, e se perguntou por que não tinha lutado por ela, por que não tinha sequer tentado.
"A tempestade está vindo". Sigarda pensou nos os anjos de sua esquadra, perguntando-se se algum deles já tinha passado para o lado de Avacyn. Ela considerou que possivelmente poderia ajudar os seres humanos a resistir.
Havia poucos, tão poucos. Mas Sigarda sabia que não importava, mesmo que ninguém se juntasse à sua causa.
“A tempestade chegou. E desta vez eu lutarei.”
__
“Maeli! Maeli!" A voz de Kelse ecoou pelo crepúsculo. Onde está essa criança? Kelse olhou sob varandas e olhou nos arbustos. A maioria dos outros moradores a ignorou. “Ele não fugiu de novo”, disse ela a si mesma, esperando que, se ela repetisse aquilo com confiança, se tornaria verdade. Kelse tentou não pensar em poucos meses atrás, quando ele tinha fugido. Quando Avacyn tinha aparecido para salvar seu filho.
A maior parte da aldeia não acreditava nela. Ela e Maeli nunca tinham sido aceitos de fato na aldeia. Certamente não depois que Hanse tinha morrido. Depois de sua morte, ela era apenas a estrangeira de Kessig, com uma criança selvagem que parecia muito com a mãe. E quando ela voltou para a aldeia Naquela noite, segurando seu filho e falando acerca uma aparição de Avacyn ... bem, ela provavelmente não acreditaria nela também.
Mas Avacyn tinha vindo, tinha salvado seu filho, seu único filho.
Maeli tinha nascido sob a lua nova, e sempre tinha sido uma criança especial, espirituoso e livre. Os aldeões estavam certos sobre Maeli parecer-se com ela. Ele parecia fisicamente com o Pai, uma semelhança que causava em Kelse grande alegria e grande dor. Mas, em espírito, ele era como a mãe, inquieto, ansioso para explorar.
O que ela não disse aos aldeões aquela noite foi como ela estava com raiva dele. Claro que ela estava preocupada com ele, frenética. O pânico de o perder alimentou a oração para Avacyn, uma oração tão poderosa que ela tinha respondido pessoalmente. Quando Avacyn o trouxe de volta para seus braços, tudo o que ela sentia era alívio, uma alegria avassaladora que a deixou em lágrimas felizes.
Até que a mudança veio sobre ela.
Ela não poderia descrevê-la, não poderia explicá-la. Em um momento todo o seu amor e cuidado sumiram, desapareceram em uma escuridão crescente, e a raiva encheu totalmente o seu coração, como um relâmpago impressionante. E não apenas raiva, mas um ressentimento fervente e desdém, ela nunca tinha sentido essas emoções sobre Maeli antes.
E pior, ela tinha exibido Esses sentimentos na frente de Avacyn, que salvara Maeli. Que a salvara.
Mas depois que Avacyn que os deixou no prado escuro, a raiva a deixou também. E nunca mais voltara.
No fim, só o que importava para Kelse é que ela tinha seu filho de volta.
Agora ela só precisava encontrá-lo novamente.
Nas estacas nos arredores da vila, as chamas das tochas tremulavam no vento frio do inverno, as sombras se alongando à medida que o crepúsculo se aprofundava. Ela mordeu o lábio, perguntando-se onde deveria procurar em seguida, quando ouviu um grito atrás dela. Ela virou-se em pânico, mas era apenas Maeli, correndo em sua direção com um grande sorriso no rosto, gritando alegremente: "Mamãe, mamãe!"
Ele correu para os seus braços e abraçou-a ferozmente, e ela o abraçou de volta na mesma medida. “Você é tudo que eu preciso neste mundo. Deixe os moradores desprezarem-me, desconfiarem de mim. Eu não me importo. Eu tenho você.”
"Onde você estava?" Ela se esforçou para não deixar a sua irritação transparecer. Ele amava explorar, e ela queria que ele explorasse o mundo. Ela queria que ele sempre ...
As luzes da tocha De repente sumiram, suas chamas extintas. Não era o vento. O ar frio tinha se tornado completamente imóvel. Kelse segurou Maeli perto, e colocou os braços ao redor dele.
Um grito de dentro da aldeia, em seguida, uma centelha de luz chamou a atenção de Kelse acima, e ela olhou para o céu.
Anjos voavam acima deles.
Contra o laranja e roxo do céu escurecendo, os anjos alados pairavam acima da aldeia. Todos eles empunhando armas - espadas, lanças, bastões... e muitas dessas armas brilhavam com uma luz dourada ou prateada. "As estrelas estão descendo dos céus", pensou Kelse. Ela olhou para Maeli, que admirava de boca aberta a maravilha acima.
Então, um dos anjos apontou sua lança brilhante para baixo, para a aldeia. Um raio de luz caiu da lança em uma das casas. A casa foi banhada em uma luz brilhante por alguns segundos, e então o telhado de colmo explodiu em chamas. O anjo apontou sua lança para outra casa, e houve um outro flash de luz e outra explosão. Outros anjos desceram, balançando suas espadas de fogo, e gritos ecoaram na noite.
Maeli gritou em seus braços, sua maravilha Transformada em terror.
Kelse Não conseguia se mover, os músculos congelados, as pernas enraizadas na terra. Houve um momento em que ela pensou que, talvez, os anjos estivessem lá para erradicar vampiros ou lobisomens ou algum outro mal. Mas então, nos arredores da aldeia, ela viu as pessoas sendo assassinadas, cortadas por espadas ou consumidas em luz dourada e chamas. “Eles estão nos matando”. Gritou Maeli, rompendo sua paralisia.
"Maeli, meu amor, me escute. Você deve correr, correr para longe e rápido, pra dentro da floresta, e não volte. Não importa o que aconteça, não olhe para trás, não volte." Kelse ouviu suas próprias palavras, e foi surpreendida com como soavam calmas.
Mais explosões e gritos vieram da aldeia.
Maeli soluçou, "Mama! Eu não posso ..."
"Maeli!" A voz de Kelse era agora dura. "Você vai me ouvir! Corra! Corra agora, o mais rápido que você puder correr! Para a floresta!" Ela soltou-se do abraço de Maeli e o empurrou. O menino olhou para ela por um segundo, com lágrimas nos olhos, antes de virar e correr para longe.
Kelse sentiu uma dor aguda no seu coração. “Corre, meu filho!”
Kelse olhou para cima, e notou o anjo que tinha começado a destruição olhando para ela do céu. Olhando para ela e na direção da floresta. “Não, você não pode tê-lo!” Ela começou a gritar com o anjo, correndo na direção dele.
“Avacyn”, pensou Kelse. Talvez os anjos estavam possuído por espíritos malignos, ou talvez fosse alguma força malévola disfarçada. Mas o que quer que fosse que estava acontecendo, Avacyn iria salvá-los. Em pé logo abaixo do anjo, Kelse abaixou a cabeça. “Avacyn, ouve a minha oração. Ajuda-me agora, ajuda-nos agora. Por favor, minha Avacyn, você salvou o meu filho uma vez, por favor, salva-o novamente. Salve a todos nós.”
"Você não precisa orar suas mentiras para mim, criatura. Eu estou aqui na frente de você." Kelse ouviu a voz um pouco acima dela. Ela olhou para cima e viu um anjo vestido de preto, as asas banhadas no vermelho do sangue, os olhos escuros e sem piedade, nada como os olhos de amor que ela tinha visto apenas alguns meses atrás. A voz era familiar e estranha ao mesmo tempo, com algum tipo de sotaque em suas palavras.
Avacyn estava aqui. Avacyn estava destruindo sua aldeia.
Nada fazia sentido. Por um momento Kelse pensou que talvez estivesse sonhando. Ela notou a lança de Avacyn, longas lâminas desiguais, estendendo-se do seu símbolo. Mas o símbolo estava errado, torcido e deformado, como se de alguma forma o metal tivesse se estragado. “Isso não é possível. Metal, não pode ser torcido assim. Isso tudo é um sonho ruim.”
Mas ela sabia que aquilo era real. Os anjos tinha se virado contra eles. Os anjos iriam matá-los.
"Por que você nos abandonou?" Kelse gritou. Ela não sabia se tinha perguntado isso para Avacyn ou para o céu noturno turno, mas não importava, nenhum dos dois respondeu.
Por toda a aldeia, os gritos aumentavam abruptamente enquanto os anjos continuavam o ataque. As chamas subiram mais alto por trás de Kelse, consumindo sua aldeia, consumindo toda a vida. Avacyn desceu suavemente, suas asas ainda vermelhas, os olhos pretos. "A grande obra começa! Interessante você estar aqui para testemunhar a sua glória." Avacyn fez uma pausa, olhando para Kelse. "Onde está a pequena criatura? Ele deveria estar aqui, também."
"Ele se foi! Além de seu alcance, coisa maldita." Kelse estava chorando, lutando para respirar entre o fumo e tristeza. “Corra, Maeli. Deve haver um lugar seguro. Encontre-o, meu amor, encontre-o!"
"Além do meu alcance?" Avacyn pousou a um pé de distância de Kelse, que Ouviu um zumbido alto vindo de algum lugar. Ela tapou os ouvidos com dor. Avacyn estendeu a mão e tocou Kelse na bochecha, acariciando sua carne trêmula. "Tudo o que existe, está dentro do meu alcance. Meu domínio não tem limites. E o meu domínio apodreceu. Tudo deve ser purificado."
Avacyn retirou a mão. "Não importa. Vou encontrar a pequena criatura Eventualmente. Vou encontrar todos vocês, Eventualmente." Ela deu um passo para trás e apontou sua lança contra Kelse. "Tudo vai queimar. Tudo vai sangrar." A ponta da lança brilhou com luz vermelha e dourada.
Kelse fechou os olhos. “Minha criança”. A luz era brilhante, tão brilhante ... “Minha linda, linda ...”
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Avacyn observou os restos mortais da criatura explodirem, as cinzas espalhando-se e rodopiando por um momento antes de cair no chão. “Caos em ordem. Corrupção em pureza. Aumenta a Paz.”
O céu sussurrou para ela. Os rios, as árvores, a grama, a lua. Tudo sussurrou a verdade gloriosa.
“Por muito tempo eu ouvi os sussurros de mentirosos, e o mundo sofreu”. Agora ela estava ouvindo a verdade. Ela sabia que era verdade, porque cada sussurro dizia a mesma coisa, por isso, ao contrário das orações caóticas, conflitantes, que tinha ouvido por centenas de anos. “Por que eu não percebia como criaturas mortais são inconsistentes? Suas palavras sempre mudam".
Não importava, mais. Agora ela entendia.
Ela olhou para a lua, e a lua sussurrou palavras tão bonitas. “Tudo vai queimar. Tudo vai sangrar”. Avacyn repetiu as palavras para si, uma música suave enchendo sua cabeça com alegria. “Tudo vai queimar. Tudo vai sangrar”.
Ela riu e sorriu enquanto seus anjos continuavam o grande trabalho na aldeia em chamas.
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