Ascensão de Emrakul
No Capítulo anterior - Nahiri escapa de sua prisão, foge de volta para Zendikar e jura vingança pelo que encontra em seu plano natal.
Colinas de Selhoff
Nahiri tinha trabalhado duro.
Ela mantivera sua promessa, a que ela fizera em pé, na poeira do que um dia fora Bala Ged (Havia, ainda poeira, debaixo das unhas e nas dobras mais profundas de suas roupas, que ela tinha deixado como um lembrete de tudo).
Desde que deixara Zendikar, ela tinha se dedicado, cada hora de cada dia, até tarde todas as noites, tirando forças de sua raiva .
Ela estendeu a mão para as eternidades cegas, com os dedos que queimavam a partir do éter, moldando pedra, usando magias mais poderosas do que jamais se atrevera a exercer antes, e tudo isso tinha sido dez vezes mais difícil do que ela se lembrava.
Mas ela não reclamou uma só vez, não vacilou nunca, nem fez uma pausa para descansar.
Agora, finalmente, ela seria recompensada. Ela iria ver o seu trabalho recompensado. E assim, também, iria Sorin.
A última barreira de Innistrad tinha caído. Nahiri sentiu o levantamento do último resquício de proteção, como uma armadura pesada sendo removida de um soldado após a batalha.
O mundo ficou nu e vulnerável. Só que desta vez a batalha não havia terminado. Ele tinha apenas começado.
"Como Zendikar sangrou, assim sangrará Innistrad." Nahiri prendeu a respiração. O chão sob seus pés moveu-se. O plano começou a pulsar com tremores, como uma cadeia de reações explosivas detonando na profundidade sob a superfície e ecoando através da noite.
Sorin iria senti-los também. Este pensamento deu à Nahiri grande satisfação.
"Venha!" ela gritou para o céu. "Vinde a mim. Venha para Innistrad!"
Ela sentiu em seguida: a presença.
O ar tornou-se quente e parado, e Nahiri respirou profundamente.
“Sim”. Ela conhecia o odor muito bem. A emoção inundou-a com uma intensidade que ela não sentia há séculos. Ela correu para a beira do penhasco, com as pernas movendo-se fora de controle, a mente incapaz de acompanhar o martelar de seu coração, o bater de seus pés.
Ela olhou para a água. Para o templo que havia construído para o deus. Já não estava vazio. Lágrimas floresceram nos cantos dos olhos de Nahiri, mas ela as limpou.
Este não era o seu momento para chorar.
"Como chorei, assim chorará Sorin."
A forma sob a água cresceu, agitando ondas, e a superfície ameaçou romper-se.
Finalmente, havia chegado a hora.
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Pântanos de Gavony
Era a hora de orar.
“Caro Arcanjo Avacyn. Minha mãe me disse que tivesse medo, eu deveria rezar. Estou com medo agora.
Embora ladeada por cathars com brilhantes lâminas e armaduras de aço duro, Maeli se encolheu. Sentia-se sozinho.
Ele sentia-se sozinho desde que tinha fugido da aldeia, no dia em que os anjos horríveis tinham vindo com sua chuva de fogo. Ele tinha corrido para a floresta como sua mãe lhe tinha dito, e ele não voltara para a aldeia. Ele quis, uma centena de vezes, mas ela disse a ele que não importasse o que acontecesse, ele não poderia voltar. E ele nunca vira aquele olhar sério nos olhos dela. Na hora, ele achou melhor escutar.
Agora ele desejava que ele não tivesse.
Agora ele desejava estar em casa.
Ele agarrou o coelho de pano que lhe foi dado pela mulher adulta com o cabelo grisalho. Aquela que o tinha encontrado no bosque e levado para sua casa que cheirava a doces e pão velho. Ela tinha dito a ele para chamá-la Ms. Sadie, e disse que sua casa poderia ser sua casa durante o tempo que ele quisesse.
Mas isso nunca tinha sido o que ele queria.
”Caro Arcanjo Avacyn. Eu quero ir para casa. Por favor. Posso ir para casa?”
Não houve resposta. Em vez disso, os braços grossos e decrépitos tentavam agarrá-lo, disparando através do espaço entre as lâminas dos cátaros. Eram os mesmos braços retorcidos que tinham estourado fora do peito de Ms. Sadie naquela mesma noite, enquanto comiam seu jantar.
Aconteceu não muito tempo depois que Maeli havia sentido sua cadeira tremer, e até mesmo um tempo mais curto ainda, depois que uma rajada de vento tinha soprado através das persianas abertas, trazendo um cheiro como néctar muito doce.
A colher estava em sua boca quando o peito de Ms. Sadie explodira; ele estava engolindo um bocado de guisado fino - A maior parte da ensopado saiu pelo seu nariz, queimando-o, por trás de seus olhos.
Isso o fez chorar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto Ms. Sadie e seus muitos braços o perseguiam.
"para trás!" Os cátaros surgiram na grama alta, cortando fora um braço após o outro.
Um, pousou aos pés de Maeli. Quando ele olhou para ele, suas entranhas se contorceram; era um dos seus verdadeiros braços, ele tinha certeza - Havia um pouco da blusa amarela que ela estava usando, e mais abaixo, a grande verruga marrom e peluda dela - que piscou para ele.
Maeli enterrou a cabeça no coelho de pano, enquanto uma lágrima corria pelo seu rosto. “Por favor, Avacyn”.
O anjo apareceu a ele uma vez antes. Ela o havia ajudado. Quando ele estava assustado e perdido. Sua mãe lhe tinha dito que Avacyn tinha vindo porque ela havia orado pela ajuda do anjo, orou com tanta força que Avacyn não pôde ignorá-lo. Maeli não sabia como uma oração poderia ser mais forte do que outra; ele não sabia como fazer sua oração tão forte que Avacyn não poderia ignorá-la, mas sabia que tinha que tentar.
Ele gritou sua oração tão alto quanto podia contra os pelos sujos e maranhados do coelho.
"POR FAVOR, Avacyn! AJUDE-ME!"
"Avacyn se foi!" A voz gelou o estômago de Maeli, e o medo gelado vazou, penetrando-lhe a espinha e a parte de trás do seu pescoço. Como dedos frios sob o seu crânio, agarrando a sua cabeça e voltando os seus olhos para o céu.
Um anjo.
Por um breve momento, a esperança pulsou no coração de Maeli - Uma esperança falsa, uma mentira, pois ele sabia que o anjo que pairava acima não era Avacyn.
"ELA está aqui agora", disse o anjo, olhando diretamente nos olhos de Maeli. "ELA está se erguendo! Se erguendo!" O anjo jogou a cabeça para trás e gritou, com uma risada estridente que encheu o céu. Então, de repente ela deixou de rir e se manteve completamente imóvel como se congelada no céu.
"Eu..E'amrakul!" Ela mergulhou, sua lâmina cortando através do ar à sua frente. Maeli fechou os olhos.
“Por favor.”
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A Costa de Nephalia
“Por favor. Por favor, me escolha”.
Edith plantou os dedos do pé com força contra a pedra lisa, molhada, firmando sua posição. Ela estava tão perto quanto ela podia de conseguir agora. Tão perto quanto ela podia, até o surgimento, até a vinda.
No entanto, ela queria estar mais perto.
“Por favor, me escolha”. Ela tinha provado que ela era devota. A mais devota. "A mais devota."
“Me escolha”. Ela lançou um olhar apressado primeiro debaixo de um lado de seu capuz e depois do outro... Sim. Ela confirmou que as rochas mais próximas dela eram desprovidas de outros adeptos. Ela era a única. Ninguém mais estava lá. Ninguém mais estava tão perto. Ela era o mais próximo. "O mais perto." Ela queria estar mais perto.
"Escolha-me! Eu'mrakul." Ela levantou os braços, espalhando-os para o céu, abrindo-se para o que estava por vir.
As ondas caíram sobre ela. Ela podia senti-lo.
Finalmente, havia chegado a hora.
"Emrakul!" O nome, o poder, a plenitude desfraldou-se dentro dela quando a água se agitou.
"Emrakul!" A totalidade abraçou-a, entrelaçando-se com ela, tornando-se ela. O mar inchou para cima em direção ao céu. "Escolha-me, Emrakul. Leve-me. Emrakul."
Outras vozes se levantaram atrás dela, cantando junto com ela, no mesmo tempo com o pulsar magenta abaixo da superfície da água. "Escolha Eu'mrakul. Tome Eu'mrakul. Euso'mrakul."
O brilho ficou mais forte, mais brilhante, mais poderoso, e tornou-se uma luz inabalável constante.
Edith se esticou em sua rocha, na ponta dos dedos dos pés. Ela estava acima de tudo. O mais perto. Mais perto agora. Ainda mais perto.
Em torno dela, os grandes pilares de pedra torcida iluminaram-se no meio da noite. Raios violeta de energia descarregavam-se a partir das bordas pontiagudas, saltando de um para o seu vizinho e, em seguida, para o próximo.
O poder DELA! Era o poder DELA!.
Tudo era ELA.
Mais perto.
Mais perto.
A subida da água enviava ondas quebrando-se. Não havia mais uma distinção entre o mar e a terra. Edith se aproximou. Nunca antes ela tinha sido a vencedora. A melhor. Nunca antes. Mas nunca antes tinha importado. Importava agora, e ela era agora. A melhor. O mais perto da melhor. "Euso'mrakul!"
Uma explosão no mar - subindo como um espessa coluna de pedra, caindo sobre si, desintegrando-se e crescendo ao mesmo tempo, o caos em movimento. E então parou, como se o tempo tivesse parado, também.
E aquilo ficou ali, como uma montanha rochosa no céu.
Da base, surgiu um som.
E então Emrakul chegou.
Edith não conseguiu conter o choro que irrompeu de seu peito.
O som da voz dela misturou-se com a ondulação do poder DELA, e ela se fundiu completamente com a ressonância do abraço DELA.
Emrakul viu Edith. Ela olhou para Edith com um enorme olho magenta brilhante.
E Edith viu Emrakul. Ela olhou, paralisada, no brilho, caindo cada vez mais profundamente na intensidade DELA. Havia tanto para ver, tanto para se tornar. Ela tinha sido escolhida.
"Euso'mrakul."
Ela se inclinou mais perto.
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As profundezas de Ulvenwald.
Ela se inclinou mais perto, pressionando as suas costas contra as de Alena - Elas estavam cercadas.
Hal sentiu vontade de se render, de se jogar no chão. Mas em vez disso, concentrou-se no calor irradiando dos braços de Alena, a sensação deles contra sua própria carne úmida. Ela agia como se o mundo não estivesse à beira do colapso.
"Por onde quer começar?" Ela casualmente perguntou sobre o ombro.
Passo a passo elas giraram juntas, sem sair do lugar, avaliando o tamanho do problema diante delas. Eles estavam em um bosque em Ulvenwald, mas Ulvenwald não era mais a floresta que tinham conhecido - Tudo tornou-se distorcido e terrível: as árvores agora tinham braços com dedos longos e finos que estendiam as mãos para puxar o cabelo de Hal, os arbustos tinham bocas que falavam e gritavam, os musgos tinham pernas e corriam como ratos, e agora até mesmo o habitantes da cidade, que andavam na floresta, tinham cedido à força coercitiva e tornar-se coisas que eram muito piores do que as piores coisas que Hal já tinha visto.
"Devemos começar com o povo da cidade", disse Alena.
Hal assentiu.
Havia três, tão transformados que suas formas humanas eram quase irreconhecíveis.
"venh'mrakul. Fiq'mrakul." Eles falavam.
Hal sentiu a força de suas palavras. Eles tinham atendido ao chamado que Hal tentava ignorar. Eles haviam desistido e agora eles não tinham mais para combatê-lo.
"Som'mrakul. Nos'mrakul."
As orelhas de Hal zumbiam e suas entranhas se contorciam. Seria tão fácil. Ela podia- “não!”
O batimento cardíaco constante de Alena disse "não".
"Vou começar com um dos nervosos e você pegar o grosso". A voz de Alena não vacilara, nem sequer uma vez.
Hal se forçou a ignorar a constrição na garganta, o aperto em sua cabeça. "parece um bom plano."
Ela iria tentar. Ela iria lutar. Ela agarrou sua espada e fechou sua mente para o cântico truncado.
O grosso. Ela se focou no grosso e, em seguida, ela engasgou.
"Alena. Alena, aquele é-" Hal não conseguiu finalizar.
Alena olhou por cima. "Elder Kolman. Que o anjo o salve."
Hal foi tomada por vertigens, sua visão turvou-se. Impossível.
"Somos'mrakul." A abominação atacou. Tudo que Hal pode fazer foi brandir sua espada e bloquear o braço grosso e ramificado.
"Ven'mrakul. Fiq'mrakul." As palavras de Kolman giravam pela mente de Hal. Como poderia este monstro ser o homem que ela tinha conhecido uma vez?
Ele a atacou com um braço que era como o tronco de uma árvore. Hal cambaleou para trás, sua mente girando.
"Somos'mrakul." "Fiq'mrakul." As palavras pareciam amarra-la. Era como se elas dissessem para não pensar, para não se preocupar, apenas se render. Sej'mrakul. Euso'mrakul.
"Hal?" A voz de Alena. "Hal! O braço dela. À direita!"
Hal ouviu as palavras, mas não as entendeu. De repente, um flash de prata dividiu o braço do ancião. A lâmina de Alena. Hal sabia que ela devia brandir sua espada também. Mas era tão pesada... Ela não queria ser brandida...
Se'mrakul. Um'mrakul. Ela sentiu como se estivesse flutuando.
"Hal!" Alena parecia preocupada. Mas ela estava longe. Tão longe.
Sej'mrakul.
"Fique comigo, Hal."
Somo'mrakul.
"Eu preciso de você."
Sou'mraku-
"Por favor!"
Foi o toque de Alena, os dedos suados agarrando o pulso de Hal, que a puxaram para longe do abraço sufocante. Ela olhou para a mulher que amava.
"Hal? Oh, por favor, Hal."
Ela não queria preocupar Alena. Ela não queria afastar-se de Alena. E ela não queria deixar Alena sozinha.
Ela teve que lutar. Foi difícil. Mais difícil do que qualquer coisa que ela já tinha feito. Mas ela tinha que fazê-lo. Ela empurrou a tensão fora de sua mente e encontrou, dentro de si, a força para levantar a lâmina.
"Eu estou bem, Alena", disse ela. "Eu vou ficar bem."
"Claro que vai." Hal sentiu a tensão sair do corpo de Alena, quando Alena a ajudou a ficar de pé.
"Sej'mrakul." A papada do ancião estalou.
Hal olhou para ele, não, essa coisa não era ele, não era o Elder Kolman. Era um monstro. Um que ameaçou arrancar Hal da mulher ao seu lado. Ela não permitiria isso.
"Devemos ataca-lo juntos, eu acho." Alena acenou para o monstro.
"Sim, eu acho que seria melhor."
Eles estavam lado a lado, ombros pressionado perto. Alena inalou. "Ao meu sinal."
Hal não precisava que Alena dissesse quando; ela sentiu o movimento dos músculos de Alena e dela respondeu instintivamente. Juntas, elas se moveram como um machado de duas pontas - atacando em ambos os lados, mas sempre ligado no meio.
Alena cortou o ombro esquerdo do monstro e a lâmina de Hal o direito. Apêndices contorcendo-se caíram no chão, aos seus pés, mas a abominação não pareceu notar.
Ele se lançou para elas. "Somo'mrakul!"
Hal atacou novamente, decapitando o homem, um dia santo.
Ainda assim, ele continuou a cantar, "Sou'amrakul, Somo'mrakul, Emrakul!"
Hal não podia suportar ouvir as palavras mais tempo. "Cale-se!" Ela levantou a lâmina e trouxe-a para baixo com tanta força que ela bandou a cabeça do ancião em duas. Uma massa do que parecia ser raízes entrelaçadas saltou, como se tivessem sido embaladas sob pressão.
O canto cessou, finalmente.
Hal estendeu a mão e a mão de Alena estava lá. O imediatismo com que seus dedos entrelaçaram-se, disse a ela que Alena estaria sempre lá. Ela silenciosamente fez uma promessa de dar o mesmo em troca.
"Somo'mrakul." Era a voz de outro dos habitantes da cidade por trás. "Sej'mrakul."
Hal queria gritar. E então ela viu. Uma abertura, sobre o corpo do ancião caído, que levava para fora do bosque de horrores. "Vem!" Ela puxou a mão de Alena. "por aqui!"
Alena seguiu Hal, através da massa de apêndices contorcendo-se, tentando agarrá-las, até as árvores. Onde o ar não tinha cheiro de carne podre. Onde os arbustos permaneciam enraizados e o musgo não se movia em manchas doentias por todo o terreno.
Eles correram até que não podiam mais ouvir o canto, até que já não podiam sentir a pressão em suas cabeças. E então elas correram mais longe, até que seus músculos cederam e seus pulmões gritaram.
Eles pararam na borda de um penhasco, caindo uma sobre a outra, testa contra testa, mãos segurando os ombros, tendo respirações coalescentes no espaço, que ia encolhendo, entre seus lábios.
"Hal".
"Alena."
Elas nunca abririam mão disso; elas nunca desistiriam disso.
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Céu de Innistrad.
Elas nunca abririam mão disso, nunca mais. Eles tinham visto a luz, sentido o poder. A verdade as havia abraçado. As tinha feito.
Bruna não existia mais.
Gisela não existia mais.
Em vez disso, elas se tornaram DELA. Um. Um'mrakul.
O anjo de Emrakul tinha quatro asas, dois braços, e dizia, com uma única voz que surgia de duas bocas, "Somos Emrakul!"
Elas eram a imagem DELA, a imagem da verdade eterna, e a sua voz era DELA.
"Somos Emrakul!"
Sua chamada atraiu outros. "Nós som'mrakul!" Vozes levantaram-se no mundo abaixo, fundindo-se em um som, uma verdade. "um'mrakul, ser'mrakul, nos'mrakul!"
Foi glorioso. Era tudo. Era DELA.
O anjo de Emrakul guiou todos abaixo que seguiam sua forma radiante. O que antes era escuro estava agora banhado em sua luz, a verdadeira luz que estava se espalhando cada vez mais longe, um nascer do sol que em breve iria tocar cada canto do mundo.
"Todos são Emrakul! Somos Emrakul!"
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A Estranha estrada para Thraben
“Somos Emrakul. Todos são Emrak- Arrrgh, não!." Jace empurrou as palavras para fora de sua mente com um golpe severo. "Fora!"
Tamiyo havia lhe ensinado como combater o toque enlouquecedor de Emrakul, mas manter a defesa mental, era mais difícil do que o moonfolk fazia parecer. Isso era um problema. Um grande problema para seu plano.
Toda vez que ele se concentrava por muito tempo em algo que não fosse o Eldrazi, ELA rastejava de volta em sua cabeça, corrompendo suas defesas e infiltrando-se nos recantos mais profundos de sua mente.
Desta vez, tinha sido a visão do anjo deformado no céu que havia distraído Jace. Ele tinha feito bem em manter os olhos nas costas de Tamiyo, mantendo seu foco em sua jornada através das rochas; eles estavam seguindo até o que ela chamou de “ponto de nexus”.
Mas a presença do anjo tinha sido demais para ignorar. Tão impossivelmente estranha era sua forma que a curiosidade de Jace tinha vencido. Ele tinha olhado para cima e foi fisgado instantaneamente - tinha que analisar o que ele estava testemunhando.
No começo, ele tinha pensado que era um demônio, mas era muito pior do que isso. E, quando já tinha decifrado as múltiplas asas, o tecido conjuntivo, a estrutura entre as duas cabeças, a fusão da voz ecoando, ele já estava perdido novamente...
Isso era inaceitável. Ele precisava ser capaz de confiar em sua mente para o que ele estava prestes a fazer.... Mas ele estava realmente prestes a fazê-lo? Será que ele realmente conseguia justificar trazer o resto deles aqui, para serem atacados por esta loucura?
A pergunta caiu no seu estômago e virou uma onda de náusea. Ele tinha pensado que era a coisa certa, não tinha? Sim, ele tinha chegado a ela como a única solução. Ele estava certo de - quase certo... Perto de certo....
"Argh!" Jace ergueu os braços.
"Shh!" Tamiyo lançou um olhar de repreensão por cima do ombro.
"Desculpa." Jace levantou as mãos defensivamente.
Tamiyo voltou-se para o caminho, para sua lanterna mágica e seus passos suaves. Ele deveria dizer a ela. Dizer a ela para esperar aqui, que ele iria trazer ajuda. Isto não era algo com o que eles dois pudessem lidar sozinhos.
Na verdade, nunca fora, mesmo quando Jace pensou que era apenas o anjo louco, Avacyn - Se não fosse por Sorin, lá na catedral..
Sorin...
Jace amaldiçoou o antigo vampiro que havia trazido Innistrad à beira da destruição e, em seguida, sumira, deixando a sujeira para Jace para limpar. Mas uma titan Eldrazi não era algo que ele poderia limpar sozinho.
Gideon tinha dito a Jace para voltar à Zendikar se ele tivesse notícias da titan. Bem, Jace tinha feito melhor do que isso; ele a tinha encontrado. Gideon ficaria bastante satisfeito.
À frente, Tamiyo parou na praia e segurou a lanterna no alto. Jace seguiu os tentáculos de luz magicamente reforçada, levantando os olhos para o céu.
Assim que ele fez, ele desejou que não tivesse.
Foi a primeira vez que ele viu ELA: a titã, Emrakul.
Jace estava paralisado.
Emrakul era maior, ele poderia jurar, que qualquer um dos outros.
E, à sua maneira, muito, muito mais poderosa. Ela só tinha estado neste mundo por um curto período de tempo, e quase tudo já parecia pertencer a ela. Todos em Innistrad largaram tudo para segui-la. Cultistas, deformados em sua semelhança, arrastando-se sobre as rochas, abandonando tudo o que tinham sido em suas vidas anteriores. Animais e monstros da mesma forma, na terra, no céu e no mar se reuniram atrás dela enquanto ela passava. As árvores, musgos e arbustos espinhosos, mesmo as algas arrastavam-se da água para estar mais perto de sua presença.
Jace, também, sentiu o desejo de ir até ela. “Euso'amrakul”...
“Não”.
Ele queria acordar. Ele tinha de limpar a mente. Ele tinha que pensar. Ele não podia deixar ELA ter o que queria. Ele, mais uma vez, imitou o que Tamiyo havia lhe ensinado, cerrando os punhos com o esforço.
O processo de assegurar que não havia nenhum resíduo de delírio não era muito diferente de espanar teias de aranha, a partir de dentro a cabeça. Grossas teias de aranha, lançadas por uma Eldrazi monstruosa, determinada a consumir a mente de todos os seres vivos neste mundo.
Jace estremeceu.
Isto é o que ele teria de ser capaz de fazer por eles, por Gideon e Chandra e Nissa. Ele teria que proteger suas mentes junto com a sua própria. Ele não podia trazê-los aqui e, em seguida, deixá-los serem consumidos por ela. Ele não faria isso. Então a pergunta era: Será que ele poderia fazê-lo? Ele já se perguntara isso centenas de vezes, e ele ainda não tinha a resposta.
"Você diz que ela é chamada Emrakul?" a voz curiosa do Tamiyo tirou Jace de seus pensamentos. Ele olhou para ela; seu rosto era um estudo de serenidade, como se proteger sua mente da loucura fosse tão difícil quanto respirar.
"Sim", disse Jace. "Esse é um dos nomes dela."
"Fascinante que tal coisa tenha um nome." Tamiyo ergueu o telescópio de seu cinto e colocou-o a seu olho. "Eu me pergunto se é disso que ela se chama."
Jace nunca parou para fazer essa pergunta. Ele nunca teria pensado nisso como algo que valia a pena perguntar; o moonfolk via as coisas de forma muito diferente. Ele olhou para a frente, para a forma maciça de Emrakul, tentando enxerga-la da forma que Tamiyo a enxergava. Ele olhou nos seus enormes olhos magenta. Eram quentes e acolhedores. Ele se perguntou o que iria encontrar se ele cedesse. Ele estava na ponta dos pés, no precipício.
“Qual é o seu nome?” Ele perguntou “do que você se chama?”
Um dilúvio de palavras ecoavam de todos os cantos de sua mente:
A fome infinita - esse mundo é meu.
O absoluto – tudo será meu.
O início – Eu serei tudo.
O ser - tudo é'mrakul.
O fim.
O fim.
O fim.
Jace retrocedeu, ofegante. Este não era o fim. Este não seria o fim. Não para ele, e não para Innistrad. Ele tinha que parar de duvidar, parar de procrastinar; ele tinha que confiar em sua mente. Ele olhou novamente para Tamiyo, serena; se ela poderia fazê-lo, ele poderia fazê-lo, ele poderia fazer isso por eles. Sim. Era hora de trazer o Gatewatch para Innistrad. Ele limpou a garganta. "Tamiyo, eu tenho que ir."
"O que?" Tamiyo se virou, seus olhos cor de lavanda arregalados.
"Há três outros. Planeswalkers. Eles são poderosos, eles são os melhores que há, e eles podem ajudar. Eu tenho que ir buscá-los. Em um outro mundo, nós matamos dois desses - " Ele acenou para Emrakul sem realmente olhar para ela.
Tamiyo apareceu relutante em acreditar nele. "Dois?"
“Foi preciso todo o nosso poder, mas sim."
Tamiyo inclinou a cabeça e olhou em seus olhos. Jace queria desviar o olhar-se, sentia culpado sob o olhar dela, embora ele não tivesse certeza do porquê.
Então, de repente, ela sorriu. "Você o fez. Sim, você realmente e verdadeiramente o fez. Uau, essa é uma história que eu vou ter que ouvir".
Ela suspirou.
"Mas em outra hora. Se a história deste mundo espera um fim que não seja a escuridão, cada um deve fazer a sua parte."
"Você vem comigo?"
"Não, Jace. Esse não é o meu caminho."
"Você vai estar aqui quando voltar?"
"Vamos todos estar onde devemos estar."
Jace abriu a boca para discutir, mas então ele sentiu um toque calmante sobre a sua mente. Tamiyo. Ele não tinha mais que lutar para manter sua sanidade; ele não tinha percebido que ele vinha se esforçando desnecessariamente. Era como se uma dor de cabeça terrível tivesse finalmente passado.
Alívio.
Ele relaxou.
"Eu vou proteger a sua mente para que você possa Planeswalk", disse Tamiyo. "Agora, vá."
Naquele momento, não havia nada que Jace queria mais, do que fazer o que ela disse.
Ele queria ir, deixar este mundo, deixar a titan. Voltar ao mundo que já tinha salvo: Zendikar. Sea Gate. O tritão o KOR e os vampiros juntos. Nissa estaria lá, os olhos verdes brilhando. E Gideon com seus ombros largos e sorriso pronto, e-
"Bem, olha quem decidiu aparecer. Ei, Gideon, aqui!"
-Chandra.
"Já era hora!" As passadas de botas materializaram-se nos ouvidos de Jace, e a imagem de Emrakul deu lugar ao rosto sorridente de seu amigo.
Fonte: Liga Magic
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