Lore Ep.12 - Eu Sou Avacyn

Eu sou Avacyn

"Sombras em Innistrad"

Texto Original

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Tamyo invade a catedral de Thraben e encontra Jace. Após curá-lo da loucura, Avacyn surge os ataca e está preste a mata-los. ____



Os dois demônios diante de mim são uma mácula profanando o chão da catedral.

Eles desviam os olhos, indignos da minha visão.

Eu sei que eles não são deste mundo, mas eu sei que eles sangram. Eu posso sentir seus batimentos cardíacos em suas gargantas, sob ponta da minha lança. Só uma suave pressão e poderia desmascarar essas criaturas demoníacas, enviando-os para o vazio que merecem, e limpando o mundo de suas presenças.

Eu sou Avacyn. Eu sou proteção.

Uma delas, a criatura com o manto azul, tenta falar comigo. Enquanto ele fala, vejo vermes caindo de sua boca. "Avacyn, esta não é você", ele tosse, sua mão com garras segurando a cabeça. "Você não tem que fazer isso." As palavras rastejam nas sombras, como centopeias.

Ainda mais do que a minha lança, minha visão é a minha maior arma. Meus olhos veem mais do que os seres humanos podem ver, veem mais até do que meus companheiros de anjos podem ver. Eu vejo os arautos angelicais nos virais coloridos, como eles se curvam a mim, em deferência. Eu vejo a luz da lua que me segue em minhas viagens, mesmo aqui no interior da catedral, e as pombas brancas que se espalham por onde os meus pés tocam a terra. Acima de tudo, eu vejo a verdade que se contorce por trás das máscaras dos rostos. Eu vejo as mentiras revoltantes que se escondem por trás da forma humana.

Eu existo apenas para uma razão - trazê-los à luz da justiça.

"Você está doente, ou enganada", diz o outro demônio, suas orelhas longas puxadas para trás de sua cabeça. Seus olhos são órbitas vazias, e atrás deles tudo o que vejo é cabelo preto e grosso, contorcendo-se. "Você deveria proteger as pessoas, não ... fazer isto."

Eu aponto minha mão e minha luz explode, atingindo o demonio. Ela bate contra a parede, tosse, e os sons que saem dela, tornam-se cabelo preto sujo.

"Eu sou a fortaleza contra os demônios de fora", eu digo, apontando minha lança para ela. As pontas dobram-se como dedos. "Eu vou destruir o mal, não importa a sua origem, não importa sua forma. Eu vi você rastejar através de minhas províncias, deslizar em minha igreja. Mas agora eu estou aqui. E agora você responderá por seus crimes."

Eu chamo a luz, e ela obedece. Uma cintilação fria se manifesta na minha mão, e as sombras dos meus dedos caem sobre os demônios. "Finalmente", eu digo, "a sua corrupção de Innistrad termina."

Algo agita-se no telhado. Eu olho para cima para ver a claraboia explodir.

Um homem cai através dela. Cacos matizados chovem na catedral. O vidro é repelido pela minha pele, enquanto os demônios protegem suas cabeças.



O homem cai de pé, espada na mão.

Suas botas esmagam o vidro enquanto caminha. Ele não aparenta ter se ferido. Seus cabelos brancos mal saíram do lugar.



É um dos sugadores de sangue, um dos antigos. Eu o reconheço, mas eu não consigo trazer o seu nome à mente.

"Afaste-se, vampiro," eu digo. "Eu vou lidar com você em seguida."

Mas ele bloqueia meu caminho. Suas armas já estão sacadas: uma espada longa em uma mão, um feitiço na outra.

"Há algo de errado com você, Avacyn," o vampiro diz. Sua boca é uma boca de sanguessuga, as palavras forma-se em um círculo sangrento de presas. "Eu vim para ajudar".

"Não tente aplacar minha lança, sanguessuga, ou você irá provar dela."

Eu não consigo lembrar quem ele é, mas eu o vejo como é, de verdade. Seu rosto ondula com vermes deslizando sob sua pele. Ele fede a sangue.

"Avacyn", diz ele. "Eu preciso que você venha comigo para o porão. Você vai ver o que devo fazer, se você simplesmente esperar por um momento-"

"Minha missão nunca espera", eu respondo, disparando uma rajada de magia sagrada, que o acerta em cheio no peito.

O vampiro não é afetado.

"Avacyn", diz ele. "O porão. Temos assuntos para resolver."

"Sorin", diz uma das criaturas, seus olhos vazios direcionadso para o vampiro. "Você pode ajudá-la, não pode?"

"Silencio", ele ordena, e os demônios tremem com a força de sua voz. Ele se vira para mim novamente. "Ouça-me. Se tiveres alguma querela com esses dois, você pode matá-los antes de começarmos."

Os dois demônios olham um para o outro.

"Mas eu não vou permitir que você deixe este lugar até o nosso negócio ser concluído."

Das vigas no alto, vem o farfalhar de penas. Uma dúzia dos meus santos anjos nos observam, seus olhos reluzentes e belos como as estrelas à meia-noite.



Pego-me divagando... Um anjo é feito de bondade, mas seria a bondade feita de atos de um anjo? Eu não sei por que essa pergunta me ocorre agora...

"Eu o adverti, vampiro," eu digo. "Esses invasores são a ameaça mais nociva à Innistrad, mas você está em perigo de se tornar um maior mal aos meus olhos. Parta, ou eu e meu exército iremos destruí-lo."

Ele dá um passo em minha direção em desobediência. Eu o atinjo com luz sagrada, mas, novamente, o feitiço não o afeta. Ele inclina a cabeça. Seus olhos parecem quase preocupados, mas as presas de sanguessuga zombando de mim o traem. Eu ouço o riso. Uma lasca de dúvida insere-se na minha mente, não que eu possa ser derrotada, mas que eu possa ter hesitado no momento em que lancei o feitiço. Talvez eu tenha me impedido de mata-lo. Eu só não sei por que eu faria isso....

Eu ouço as asas dos anjos nas vigas acima de mim, e eu posso sentir seus olhos como a luz das estrelas sobre mim. Eu faço dessa luz minha armadura. Eu aponto minha lança para o vampiro, ela se molda em uma lâmina da justiça.

O vampiro dá mais um passo, de modo que seu peito encosta na ponta de lança. "Avacyn", ele diz com a boca sangrando. "Você não pode me ferir." Ele estende a mão para mim. "E há uma razão para isso."

As próximas palavras que ele diz deixam uma marca em mim. Elas são apenas sons, apenas vibrações no ar. São como uma faca cortando minha carne. Como o ferro em brasas de um inquisidor marcando minha pele.

"Eu sou seu criador", diz ele.

As palavras carregam uma sensação antiga, como se tivessem sido esculpidas em algum lugar dentro de mim, como se a lembrança tivesse sido coberta por uma camada de pó, que agora foi removida, e eu posso vê-lo.

Ele é Sorin, da linhagem Markov. Agora eu sei. Sua boca não é redonda como a de um sanguesuga... não sei por que eu o via dessa maneira antes. Seus olhos, branco-em-preto, e sua pele alva, ele parece comigo...

Ele é o meu criador. A verdade é clara para mim agora. Olhar para ele é olhar para mim.

Ele é a razão de meu existir. Ele estava lá quando eu fui criada, o homem que estava em cima de mim naquele primeiro instante em que surgi. Foi ele quem me imbuiu de minha missão. Minha criação aconteceu aqui, na parte mais profunda desta mesma catedral. Agora eu sei que ele me criou, a divindade de Innistrad, com uma finalidade.

Eu sou Avacyn. Eu sou a proteção.

Para erradicar as ameaças à Innistrad. Para responder as orações dos inocentes, e para derrubar aqueles que os atormentem. Para proteger aqueles que de outra forma seriam devorados pelas sombras deste mundo.

"Você é meu criador," eu digo.

"Sim."

"Então você deve ser bom", eu digo.

O sorriso de meu criador é suave, mostrando apenas a ponta de uma presa.

"Você é a fonte," eu digo. "De mim. E, portanto. Da bondade."

"É isso mesmo, Avacyn. E para que você possa ser o melhor que você pode ser, você deve se juntar a mim. Venha". Ele estende a mão para mim, mas algo me faz hesitar em toma-la.

Eu olho para as duas pessoas com quem lutei esta noite, com as costas contra a parede, eles pareciam demônios para mim. Mas agora vejo uma mulher e um homem. Magos. Mortais.

Seu sangue foi derramado na minha catedral. Eu posso sentir o cheiro de cobre na minha lâmina. Mas isso só pode ter acontecido porque eles são maus. Se eu os feri, então o que eles poderiam ser, além de monstros? Um anjo é feito de bondade. Seria a bondade feita de atos de um anjo?

Meu Criador olha para mim. Seus olhos são frios e examinam meu rosto. Eu posso ver o sangue sob a pele pálida de seu pescoço, a veia pulsando com sangue quente de outra pessoa.

Eu sou Avacyn. Eu sou a proteção.

Mas

Imagens giram em minha mente.

Eu

Aldeias em chamas.

Não

Inocentes mortos.

os

Uma mãe, chorando por seu filho.

protegi.

Eu iniciei os incêndios! Eu matei os inocentes! Eu fui criada para defender, para proteger! Porém eu trouxe a destruição.

E eu não era apenas um protetor, mas um símbolo - Uma igreja inteira cresceu em torno de mim, mas na igreja surgiram as chamas de ódio do fanatismo religioso, e meu poder atiçou essas chamas.

O que significa ser bom? Seria o bem feito dos atos de um anjo?

Olho para o meu criador e inclino a cabeça para ele.

Eu foi feita, mas eu fui feita de forma imperfeita. Com a visão falha. Eu não sou um protetor, eu sou um perigo - uma arma para ser empunhada por aqueles que querem prejudicar este mundo!

"Você," eu digo.

Eu ajeito meus ombros. O luar banha meu corpo. Minha pele brilha, e eu posso ver as pombas voando na catedral em torno de mim.

É claro para mim, agora, o que devo fazer.

"Avacyn," Markov diz, em voz baixa, no tom de um predador.

"Filho de Markov," eu digo, levantando a lança, lâminas em direção ao seu peito. "Você permitiu que isso acontecesse."

"Você deve ser cuidadosa com o que você diz para mim, filhaa", diz Markov.

"Eu não sou sua filha", eu digo. "Eu sou sua criação. Você é responsável por tudo o que sou capaz de fazer. Eu fui feita para um propósito, e o seu propósito era impuro, Sorin Markov! Eu digo que você é o maior mal deste mundo."

"Meça suas palavras, criança", diz Markov através de seus dentes.

"Espere, Sorin-", adverte um dos demônios. "Não. As consequências para o plan-"

"Por que você permitiria isso?" Eu pergunto. "Por que você me faria assim?" Eu pressiono a lança contra seu peito, arranhando a armadura.

Markov zomba. A lâmina em sua mão reflete as velas ao redor. "Avacyn, desça para o porão", diz ele. "Vamos discutir a sua criação."

"Você me criou para garantir que toda a maldade tivesse fim", eu digo. "Então, prepare-se para conhecer o seu."

Desfiro uma estocada com a lança, usando toda a minha força divina. De alguma forma, a lâmina erra seu peito, e eu passo por ele. Ele me ataca com alguma magia de drenagem, mas eu me viro a tempo de defleti-la.

Eu o ataco com minhas garras, canalizando luz no golpe. Eu o atinjo, mas tudo que consigo são faíscas de sua armadura.

Ele revida, me batendo com a palma da sua lâmina.

Ainda assim, é forte o suficiente para abalar a minha caixa torácica.

Eu levanto a minha lança com as duas mãos, a ponta mortal apontando para os céus. Eu canalizo minha ira na arma, que vibra com o poder divino.

"Você foi feita para ser fiel a mim", diz Markov. "Você não pode me ferir."

"Parece que não," eu digo. "Mas eles podem."

Ele olha para cima para ver os anjos que chamei caindo sobre ele. Eles mergulham das vigas. Ele mal tem tempo para proteger o rosto antes de caírem em cima dele, com as mãos graciosas, rasgando-o com suas garras.

Mas ele revida, e seus golpes são terríveis. Ele espeta um anjo com a espada e corta a asa do outro. Ele arremessa um anjo para o chão, explodindo o piso de mármore, e uma outra, ele arremessa através de uma coluna, levantando uma nuvem de pó de alvenaria. Ele detém outro pelo pescoço enquanto ela o ataca com garras furiosas. Eu canalizo a minha força para ela, mas eu posso ver a sua essência fluir para ele, fios de líquido escuro escorrendo da boca do monstro.

Ele se vira para mim, sua pele rasgada e sua placa peitoral aberta. Meus anjos o enfraqueceram, mas ele está longe de estar derrotado. Ele toca a ponta de sua espada no piso de mármore. "Isso não muda nada, Avacyn", diz ele.

Eu chamo, e os três últimos dos meus anjos de olhos cintilantes, os guardiões finais da Catedral, o cercam. Eles atacam em conjunto com espadas e garras, golpes numerosos e ferozes. Eles arremessam-se sobre ele, gritando, cortando de todos os lados. Markov deve sentir o que eu sentia dentro da Câmara Infernal, com asas dos demônios me golpeando no vazio sem luz.

Um por um, ele destrói meus anjos. Um ele arremessa através das fileiras de bancos de pedra. Enquanto o próximo corre para ele, ele gira sua lâmina e a empala no peito. Ele agarra o atacante final pelo ombro, olha nos olhos dela, e joga-la através da janela de vidro colorido que vai do chão ao teto da catedral, que se quebra em mil cacos.

O anjo some no penhasco lá fora.

Markov volta-se para mim mais uma vez, um rosnado revelando uma de suas presas. Eu pressiono lâmina de minha lança contra o seu pescoço, mas eu posso senti-la se recusando a feri-lo. Eu a forço, e ela simplesmente não o corta.

Concentro-me no rosto dele. Eu repito para mim mesma - ele não é um nobre vampiro, mas um horror. Ele é um monstro, um demônio de sangue, uma sanguessuga.

Então eu o vejo em outra forma - seus olhos se tornam bocas, rodeada de dentes. Seu rosto é uma máscara frágil. Ele é o meu criador, e ele é a personificação do mal.

"Avacyn-" o som surge pela boca de um sanguessuga, e eu o golpeio, com minha lança, através de seu pescoço. Um corte profundo, que atinge o osso.

Ele ruge e salta para trás, mão cobrindo seu pescoço. Uma gosma podre jorra entre os seus dedos, tornando-se algum tipo de fungo, ao atingir as lajes no chão.

Ele salta para mim, espada destinada a meu coração, e faíscas saltam de lança quando bloqueio o golpe.

Eu giro para golpeá-lo, mas preciso me abaixar para evitar um golpe de garras, que corta tendões na minha asa. Quando tento empalá-lo com luz, sou recebida com uma explosão de magia de sangue que despedaça o meu feitiço. Eu grito e me arremesso contra ele, quebrando uma coluna com o seu corpo, arrastando-o através de vidro e madeira, até estarmos contra a parede da catedral.

A cabeça do monstro se inclina e ouço ossos estalando. Sua ferida no pescoço já está cicatrizando.

As bocas em suas órbitas babam palavras. "Avacyn. Eu tenho que fazer isso."

"E eu, isso," eu digo, e eu afundo minha lança através da abertura na placa peitoral do monstro, tão profundamente que a lâmina atinge o granito da parede da catedral, do outro lado.

Ele ruge sou arremessada por ele, mas consigo parar a trajetória no ar. Markov agarra a alça da lança e puxa a lâmina, libertando-se. Por um momento eu posso ver o animal nojento que deveria servir como seu coração. Lampreias se contorcendo, escorrem da ferida. Ele deixa cair a lança e sua espada, e elas caem lado a lado. Ele cobre a ferida com uma garra.

"Você está perdida", ele balbucia. "Você só pode me ver como um monstro agora, e é por isso que você pode me ferir."

"Você é uma mácula sobre o mundo", eu digo. "É só agora que eu sou capaz de ver isso claramente."

Seu ataque vem de uma só vez, tão rápido que me alcança antes que o som me atinja.

Nós lutamos, apertando as mãos nos ombros um do outro. Nós arremessamos um ao outro através de bancos e vigas, levantando uma nuvem de pó e penas, enquanto subimos no ar. Eu me firo em uma de suas presas, e as feridas não se curam imediatamente. Meus dedos encontram carne e a dilaceram, fumaça acre escoa das feridas enquanto grandes pedaços de Catedral Thraben caem ao chão, muito abaixo de nós.

Ele sorri e, de repente, trava suas garras em meus braços, prendendo-me enquanto bato minhas asas para nos manter no alto. Seus músculos são de aço, e ele está dobrando meu braço para atrás das costas, deslocando o ombro. Eu percebo que ele estava se contendo até então. Esta é a sua verdadeira força.

Ele morde meu pescoço, e a dor é como mil inocentes gritando mil pedidos de ajuda, mil orações que eu nunca vou responder. Eu sinto meu o sangue sendo sugado.

Quando caímos, não é pela gravidade, não é pela fraqueza em minhas asas. Nós caímos porque está nos empurrando para baixo, a sua força nos arremessando das alturas da Catedral até o seu chão.

Através do seu chão.

Quando a queda para, estamos no porão da Catedral de Thraben, acima de nós, a espada de Markov equilibra-se na beirada de um buraco irregular no mármore, para, em seguida, cair ao nosso lado, furando o chão de pedra.

Eu toco o chão de pedra fria, tateando em busca de minha lança, mas não a encontro. Ela ainda deve estar lá em cima. Em vez disso eu toco uma forma escura, uma forma queimada no chão, os restos de algum poderoso feitiço, na forma de asas. As asas de anjo.



Acima de nós, os demônios estão gritando avisos. Suas súplicas ecoam pelos corredores. Para mim, elas soam como orações não respondidas.

"Você deve lembrar deste lugar", diz Markov, largando-me e limpando a boca.

"Este é o lugar onde você foi feita."

Eu levanto. A ferida no meu pescoço sangra, mas eu a deixo sangrar. De alguma forma, neste lugar, parece que ela está se curando.

"Onde você me fez o que sou", eu digo.

"Deixe-me ajudá-la, filha", diz o monstro. "Eu poderia ... limpar sua mente. Torná-la um instrumento adequado de virtude novamente. Podemos recomeçar."

Nunca. "Se eu não sou a filha que você quer ..."

Ele estremece.

"... Então temos de lutar novamente, e novamente, para sempre. Pois eu nunca vou ceder. Eu não serei instrumento de nenhum monstro. Eu não vou ser alterada por gente como você."

Eu posso sentir a minha força retornando, aqui neste lugar sagrado. Sinto um poder inesgotável. Em um momento, eu estarei pronta para ataca-lo novamente.

"Não", diz Markov. "Isso acaba. Agora."

"Eu sei o que você vai fazer," eu digo. "Então vá em frente. Crie outra câmara de prata. Prenda-me novamente. Essa é a única maneira de me impedir de fazer tudo em meu poder para destruí-lo."

"A prisão foi-se", diz ele. "Eu não posso criar outra Câmara Infernal, assim como eu não posso criar outra você".

Eu continuo recompondo a minha força. "Você é meu criador. Você deve saber a lei deste mundo. O que não pode ser destruído deve ser aprisionado."

Markov puxa sua espada do chão de pedra.

"Mas Avacyn ... você pode ser destruída."



Eu não posso ver a face dele, porque ele me dá as costas nesse momento.

Eu não posso o ver mais, nem como homem, nem como monstro. Tudo que posso ver é a ponta daquela espada.

Eu ouço palavras antigas, palavras de um ritual de reversão, de um dom sendo revogado.

Eu sinto meus joelhos batendo no chão de pedra da catedral.

Eu posso sentir um cheiro de cinzas, como se algo estivesse em chamas por perto. E toco a sombra no chão, a forma que marca meu nascimento.

E a única coisa que eu queria poder fazer agora, é dizer para todos isto, em minha última prece: que minha única intenção foi a de proteger os inocentes do mal.

Eu sou Avacyn. Eu sou proteção.


















"O que é que você fez?" Jace grita.

Fumaça sobe de um monte de cinzas no chão, vagando à deriva através dos raios de luz que atravessavam uma das claraboias da catedral.

Avacyn não existe mais. A catedral parece ter ficado maior, agora, de alguma forma. Parece haver muito espaço sob as vigas. Espaço vazio.

Jace olhou para trás e para frente entre o que tinha sido Avacyn e o rosto de Sorin. O vampiro estava tremendo um pouco, com os punhos cerrados em torno de sua espada, como se estivesse tentando segurar um terremoto em seu peito.

"Eu tive que fazê-lo," Sorin sussurrou.

Jace fez gestos incrédulos com as mãos, incapaz de descobrir qual dos onze coisas erradas nessa afirmação ele discutiria primeiro. No final, ele se virou para Tamiyo. "Foi preciso mesmo?"

Tamiyo apenas franziu a testa. Ela levantou seu robe e se agachou no chão, estendendo a mão com os dedos enluvados para examinar os restos de cinzas. Ela se levantou, esfregando as cinzas entre os dedos. Ela descansou a mão sobre um pequeno telescópio em seu cinto, como um guerreiro toca uma arma para se tranquilizar, com os olhos fixos em Jace. "Isto terá consequências ...", disse ela.

Jace assentiu. "As pessoas deste mundo perderam um protetor."

Um extenso e gutural ronco baixo rolou pelo céu, profundo e crescendo. O som bateu no peito de Jace e sacudiu a poeira do teto.

Tamiyo ficou séria. "O Plano perdeu o seu protetor," disse ela.

O mundo rugiu novamente, desta vez sob os pés de Jace.

O chão estremeceu, o tremor intensificando a cada momento. Lajes descolavam-se de sua argamassa antiga. Cacos de vitrais balançavam e caiam, de suas molduras de chumbo, que mostravam o rosto de Avacyn, e o som de algo se partindo ecoou pelos corredores vazios.

O tremor diminuiu. Os ecos silenciaram.

Jace observou Sorin embainhar sua espada e se afastar, o colarinho puxado para cima em torno de sua mandíbula, os ombros curvados. O vampiro seguiu até uma escada, suas unhas arranhando o corrimão de mármore.

As escadas estavam gastas em seus centro, Jace notou. O atrito de séculos de passos. Séculos de adoradores. Séculos de fiéis de Avacyn.

"O que você fez?" Jace gritou para ele.

Fonte: Liga Magic

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