Campanha de vingança
Capítulo anterior -Sorin e o exército de Olivia partem para enfrentar Nahiri. Liliana resolve enfrentar Emrakul.
Eles a Chamavam de “A precursora”.
Eles não estavam errados, estes
fanáticos e sectários, que a tinham seguido até aqui, ainda crescendo em
números, enquanto ela se concentrava em seu trabalho em
Innistrad. Eles eram seus devotos, e eles lembravam Nahiri que a única coisa que valia a pena em todo este mundo maldito era a sua vingança.
Innistrad. Eles eram seus devotos, e eles lembravam Nahiri que a única coisa que valia a pena em todo este mundo maldito era a sua vingança.
O coro monótono de centenas de cultistas
ecoava pelos corredores, enquanto ela olhava para o rosto do vampiro.
Ele era uma coisa feia, com os lábios curvados para trás, revelando
dentes horríveis, afiados e impiedosos. Dois olhos, lascas de âmbar
nadando em poças escuras, olhavam para ela, ou melhor, além dela. O
sanguessuga estava vestido luxuosamente, e ele, como as dezenas dos seus
em torno dele, estava incrustado na parede.
Todos eles mortos.
Todos mortos por ela.
Ela odiava este lugar, Mansão Markov.
Como tantos lugares deste plano, ela fedia a Sorin. Mesmo quebrada,
torcida, e reformulada, como tinha feito, não foi o suficiente para
purgar a sensação dele, dali.
Mas aqui estava ela - preparativos haviam sido feitos, e o trabalho tinha que ser verificado.
É um negócio complicado, essa coisa de vingança, mas Nahiri tivera mil anos para planejar os detalhes.
Um. Mil. Anos.
Foi tempo suficiente para considerar sua
vingança de todos os ângulos, para desistir, ajustá-la e desistir outra
vez, até que tudo estava em seu lugar, até que era um plano.
E agora, enquanto Nahiri passava através
do esqueleto retorcido da Mansão Markov, ela se permitiu um leve
sorriso. Tudo estava de fato em seu lugar, todas as peças onde ela
queria, menos Sorin.
Mas ele estaria aqui em breve.
Ela tinha trazido algo especial com ela
desta vez, também, algo que tinha reunido quando a notícia chegou a ela
que Sorin estava trazendo um exército para enfrentá-la. Claro, ela tinha
seus sectários, mas não havia tempo para desleixo na vingança.
A primeira das forças de Sorin a chegar
foram os estandartes, bandeiras antigas que pendiam de hastes de madeira
preta, transportadas por Cavaleiros vampiros em armaduras polidas.Centenas de vampiros seguiam atrás deles, espalhando-se por toda a colina em frente à mansão.
Nahiri assistiu a procissão da entrada arqueada da mansão.
Quando Sorin finalmente saiu na frente
de suas forças, a mandíbula de Nahiri trincou. Sorin estava dizendo algo
para os vampiros mais próximo dele, mas ela não conseguia distinguir o
que.
Não importava o que ele dizia, porém.
Tudo iria acabar logo. Espada na mão, Nahiri saiu para a luz do dia,
para a ponte despedaçada, e deu boas vindas a Sorin.
Um guincho metálico cortou os sons da
batalha da batalha quando Nahiri arrastou a lâmina de sua espada fora do
peitoral ornamentado de um vampiro morto.
O cadáver era apenas um, um dos vários que estavam ao seu redor em um semicírculo.
Pulmões queimando, ela atirou-se sobre o monte sem vida para recepcionar uma leva de novos atacantes.
Tantos deles.
Mas ela só precisava de um.
Um machado entrou em vista, vapor vermelho formando uma trilha atrás da sua lâmina preta.
Nahiri abaixou-se, fora do alcance, e
empurrou a ponta de sua espada na garganta de outro atacante que atacava
à sua direita. Em um impulso descendente da sua mão livre, o chão
diante dela, de repente afundou, de modo que quando o machado se arqueou
em um segundo ataque, ele atingiu a borda da depressão.
Lascas de pedra voaram com o impacto, Nahiri as apanhou com a sua magia e as lançou no rosto desprotegido do portador machado.
Outros a cercaram. Um deles, uma mulher
toda em armadura branca esmaltada, saiu do meio deles. Ela segurava a
espada em guarda baixa, e Nahiri notou a arma tinha um par de lâminas
que torciam-se em uma hélice até que se reuniam para formar uma ponta
mortal.
O vampiro falou, sem tirar os olhos de Nahiri, "Você não vai escapar."
Nahiri inclinou a cabeça e levantou uma sobrancelha. "Escapar?"
"Quando isso acabar," o vampiro em
branco continuou, "eu vou beber o seu sangue de-" Mas o vampiro ficou em
silêncio quando um aparador de mármore explodiu em sua boca,
pulverizando os seus dentes grotescos.
Nahiri o tinha arrancado do entulho que
estava suspenso acima deles. Ela tinha ouvido o suficiente. Quando o
vampiro em branco caiu no chão, Nahiri usou um paralelepípedo contra os
sanguessugas mais próximo dela, explodindo crânios e esmagando
peitorais.
Quando os corpos pararam de se mover, o
bloco ensanguentado de pedra girou no ar, e as gotas vermelhas voaram em
todas as direções.
Nahiri limpou uma mancha de seu queixo.
Se o plano de Sorin era cansá-la antes de se enfrentarem, então ele era
um tolo. Mil anos na Câmara Infernal foi bastante descanso para várias
vidas. Se isso significava acabar com todos os outros sanguessuga daqui
para chegar até ele, então ela já estava em um bom começo.
Ele estava aqui em algum lugar, ela sabia.
Em torno dela, a batalha se desenrolava,
no que ela se lembrava tinha sido o grande salão da mansão. A câmara
estava inundada, agora, com vampiros e sectários, todos no trabalho
macabro de abater uns aos outros. Seus olhos corriam sobre o caos, na
esperança de encontrar os cabelos brancos, ou ...
Aqueles cruéis olhos amarelos!
Por um instante, eles estavam olhando para ela antes de serem engolido no tumulto.
A garganta de Nahiri, subitamente, ficou seca.
Seu coração batia contra o interior do
seu peito, e toda a raiva dos últimos mil anos brotaram, até que tudo o
que pôde fazer, foi gritar o nome ", Sorin!"
Nahiri olhou para o chão de pedra, para
cada uma das enormes lajes, e as puxou severamente. Suas mãos viraram
para cima, e, de cada lado dela, paredes paralelas levantaram-se, uma
dúzia de pés do chão. Quando parou, ela havia criado uma espécie de passagem, isolada da disputa principal.
Ela estava em uma extremidade, Sorin na outra.
Entre eles, ficara uma pequena parte da
batalha – um grupo de vampiros e pelo menos o dobro de cultistas, todos
ainda emaranhados em seus combates.
Um dos vampiros se lançou para Nahiri,
mas sua vingança estava muito perto agora para essas distrações. Uma
contração de dedo, e uma lança de pedra surgiu repentinamente do chão.
Com um gemido estridente, o vampiro foi empalado. Nahiri passou por
ele, enquanto ele afundava lentamente pela lança de pedra.
"Sorin", ela chamou de novo, sua voz
forte e fria como a pedra que ela controlava. E então ela estava
caminhando para a frente, seu caminho direto e constante, à medida que
mais lanças surgiam para empalar vampiros e sectários, igualmente.
Então, eram apenas a dois deles.
A última vez que ela tinha visto Sorin,
ele tinha sido a última coisa que ela viu no mundo antes de ser
consumida pela solidão da Câmara Infernal. Agora que ela olhava para
ele, de pé, uma dúzia de passos distante, ele se parecia mais com o que
ela se lembrava dele, sem nada da fragilidade de sua reunião anterior.
Ele usava a mesma armadura, mas manchada
com sangue, o que acrescentou um brilho cruel à pedra vermelha que
adornava seu peitoral. Sua espada também carregava provas de sua
violência. Seu rosto, tão acostumado a exibir aquele sorriso sarcástico
que ela conhecia tão bem, ao invés disso, estava enrugada com linhas
severas que ela nunca tinha visto.
Agradava-lhe vê-lo tão perturbado.
"Você trouxe tantos amigos", disse Nahiri, saindo de entre duas lanças. "Mas, mesmo assim, nem todo mundo pôde vir..."
Ela sabia que a menção de Avacyn iria
atingi-lo, mas não houve resposta sarcástica. Sorin apenas levantou uma
mão pálida, e jatos de energia negra dispararam. A morte estava nessas
trilhas de sombra, morte procurando Nahiri. Parecia que ele não desejava
nenhum dos protocolos, ou a poesia, de um duelo adequado. Seu fim seria
suficiente, e ela observou Sorin, imóvel, enquanto a morte se
aproximava dela.
Mas a morte nunca a tocou. Os raios se
separaram, e voaram em várias direções. Sorin desencadeou uma segunda
torrente de magia de morte, que também foi dispersa.
Então, energia negra colidiu com o vampiro numa sequência rápida, seguida por urros de dor.
Sorin caiu sobre um joelho, mordendo o
lábio em angústia, e de entre as placas de sua armadura, vapor escuro
subiu de feridas invisíveis.
"Você deve pensar muito pouco de mim,
mesmo, se você pensou que isso iria funcionar", disse Nahiri, no
momento em que o segundo disparo o atingiu também.
"Magia flui através de linhas ley.
Linhas ley podem ser canalizadas por pedra. E, bem, nós dois sabemos o
que posso fazer com isso. Então, por favor, Sorin, tente novamente esse
lixo de ataque." Ela disse, circulando-o. "Eu trouxe Emrakul à sua
porta, e você ainda acha que eu sou uma criança."
Por um momento, nenhum deles falou.
Mais de seis mil anos de história tinham trazido ambos até aqui. Olhando
nos olhos de Sorin, Nahiri perguntou-se se ele estava pensando a mesma
coisa. Eles tinham sido amigos, ela acreditava, uma vez. E agora ...
agora ela teria sua vingança.
Por fim, Nahiri disse: "Mil anos, Sorin. Você trancou-me por mil anos."
"E, no entanto, você ainda está aqui." Sorin tossiu, enviando uma nuvem de névoa negra no ar. "Você deveria ter partido."
"Eu fiz isso. Voltei para Zendikar,
apenas para vê-lo sendo eviscerado pelos Eldrazi. Você deixou isso
acontecer." Ela levantou a espada, nivelando-a com a garganta de Sorin.
"Você condenou a mim e ao meu mundo."
"Você conhecia os riscos quando você concordou em prender os titãs em Zendikar. Você sabia que sua fuga era uma possibilidade."
"Eu também sabia que tínhamos um
acordo." Nahiri sentiu a pele ficar quente. "Se eles escapassem, você e
Ugin deveriam vir. Quando o fizeram, você sumiu. Até onde eu acreditava,
nós três estávamos juntos nisso. Mas era só eu. Todo esse tempo, era
sempre apenas eu ".
"Então você decidiu condenar este plano."
"Eu não serei mais uma carcereira, e
Zendikar nunca mais vai ser uma prisão. Emrakul tinha que ir para algum
lugar. Você só tornou a decisão mais simples".
"Sorin, eu estou inclinada a assistir o desfecho disso", veio uma voz de mulher, melódica e sarcástica, a partir de cima.
A cabeça de Nahiri inclinou-se, para
encontrar uma vampira, vestida toda em uma elegante armadura de placas
preta, flutuando no ar, acima da cabeça de uma dúzia de vampiros
semelhantemente adornados. Ela não usava capacete, e seu rosto pálido e
cabeleira vermelha brilhante se destacavam contra o metal escuro. Havia
um ar de graça que parecia irradiar-se dela, e Nahiri reconheceu um
poder que era semelhante ao de Sorin - A mulher era um sanguessuga de uma linhagem antiga.
"Sem dúvida, Olivia", Sorin disse de sua posição ajoelhado.
Olivia acenou para Nahiri com uma espada delicada forjado em aço preto. "Esta é ela, eu presumo."
Sem esperar por uma confirmação, ela
simplesmente continuou. "O que quer que Sorin tenha feito para incorrer
em sua ira, eu tenho certeza que ele fez por onde. Mas ele também fez
por onde, para ter a minha ajuda. Então, eu não posso permitir a sua
vingança."
"Outro anjo da guarda, Sorin? Este foi
um pouco apressado, eu acho", disse Nahiri. Ela estendeu a mão, e as
lajes de pedra antes dela começaram a ficar vermelhas com o calor.
Olivia sorriu. "Eu gosto dela Sorin, devo dizer. Mas, no entanto ..." Ao seu sinal, os vampiros desceram sobre Nahiri.
As pedras na frente da lithomancer
haviam se tornado branco-quente, e, antes que os sanguessugas pudessem
alcançá-la, ela puxou o conteúdo das pedras. Quatro lâminas fundidas,
idênticas à que ela empunhava, cada uma pulsando com a energia de sua
forja de pedra, surgiram. Ela pegou uma, de modo que ela tinha uma
lâmina em cada mão. As outras se espalharam por cima dela como a
plumagem de uma Fênix.
"Minha vingança não é sua, para conceder. Eu a mereço. Sorin é meu."
"Nunca se esqueça", Sorin sussurrou, "Eu a poupei. A Câmara Infernal foi uma cortesia."
"Uma cortesia?", Nahiri repetiu, seus
dedos se contraindo. Ela poderia rasga-lo em pedaços. "Os horrores com
os quais você me trancou por tanto tempo, eles se tornaram meu mundo."
Nessa última palavra, Nahiri afundou as
pontas de suas espadas em uma das lajes de pedra. Ela cerrou os punhos, e
as armas começaram a vibrar. O tremor ressoou através do chão,
crescendo em força, enquanto se espalhavam. O que começou como um baixo
zumbido, virou um estrondo que abalou a estrutura circundante. Fitas
brilhantes de energia floresceram de suas mãos em pulsos rápidos,
descendo pelas lâminas, irradiando para fora, ao longo da alvenaria, até
alcançar cada pedra no solar.
Um punhado de pedras ley brotaram em torno dela, todas apontando para fora, formando uma espécie de estrela.
Em seguida, a mansão deu uma guinada. As
paredes que ela criou para isolar ela e Sorin caíram, e todo o salão
começou a girar independentemente do resto da arquitetura. Enquanto
girava, a fundação estalou, como as juntas de algum deus antigo,
levantando-se pela primeira vez em milênios.
Era um som ensurdecedor, e oscilava à beira do suportável.
Logo outro som penetrou em sua audição.
Com cada polegada de rotação do corredor, o som crescia. Era um som
áspero, não muito diferente do coro dos cultistas, mas esse não era
feito nem para, nem por pessoas.
A entrada arqueada do salão moveu-se com
a câmara enorme, de forma que não mais levava à ponte quebrada além do
portão da mansão. Quando o movimento circular parou, a porta de entrada
repousava na frente de uma parede de pedra com traços característicos. O
som aumentou. Sem o barulho de pedra em movimento, não havia mais nada
para abafa-lo, e ela sentiu-o nas raízes de seus dentes.
Era hora - Nahiri estendeu a mão e, com a sua magia, camadas da parede afastaram-se em direções alternadas.
Antes de ela afastar a última camada de
lado, ela explodiu em uma chuva de escombros, e eles surgiram - Dezenas
de monstros, bulbosos e distorcidas, com somente sugestões vagas das
pessoas e animais que tinham sido uma vez. Eles eram de Emrakul agora,
tocados pela titan Eldrazi, sua carne esticada sobre suas formas
mutantes.
Nahiri tinha reunindo-os aqui desde a
chegada de Emrakul, trancando-os em sua própria câmara, um presente para
o seu velho amigo.
Nahiri assistiu-os jorrando a partir de sua câmara negra, inundando o corredor em direção a ela.
Ela não vacilou, porém. Pesadelos não
eram novidade para ela. Eles se aproximaram, e, quando a terrível horda
deveria se chocar contra ela, eles se separaram em torno dela.
Os monstros eram cegos para ela, dentro
de seu círculo de pedras ley. Cryptoliths, ela ouviu-os sendo descritos
pelos cultistas, embora eles estavam longe de ser crípticos.
Eldrazi seguiam leylines, a rede de mana
que todos os mundos têm. Assim como ela tinha feito em Zendikar seis
mil anos atrás, Nahiri usou estas pedras para dobrar as leylines de
Innistrad à sua vontade. Para estes horrores, ela não existia.
Tal não era caso para os vampiros porém.
Os Eldrazi correram em direção a eles, e a vampira ruiva, juntamente
com os seus lacaios, não perderam tempo e atacaram as monstruosidades
com toda a fúria de sua espécie.
Nahiri afastou-se do caos, pedaços de
pedra deslizando com cada passo para trás, criando uma escada
improvisada que disparava para as alturas do solar, levando-a acima do
choque das lâminas e membros deformados.
Sorin esperava vencê-la usando aliados, mas Nahiri estava pronta. Sorin tinha tentado derruba-la com sua magia de morte, mas Nahiri estava pronta para isso também.
Estaria ele pronto para ela, porém?
Ela sentiu seus olhos sobre ela, e
quando ela encontrou Sorin no tumulto abaixo dela, ele estava olhando
para ela. O sangue escorria pelo seu queixo, uma cultista pendurada
molemente nos punhos do vampiro. Não era a primeira vez que ela o via
alimentar-se, mas ele nunca pareceu tão monstruoso como naquele momento.
E isso é o que ele era, um monstro.
Os olhos de Sorin nunca saíram dela,
mesmo quando ele começou sua escalada. Ele se moveu como um relâmpago, a
cultista balançando violentamente quando ele subiu as paredes
retorcidas, e pulou para os pedaços de pedra suspensos no ar. Ele era um
gato na caça, rápido e de pé firme. No momento em que Nahiri chegou nos
restos quebrados do teto abobadado da mansão, Sorin estava em seus
calcanhares.
Mas Nahiri era um kor de Zendikar, acima
de tudo. Saltar de lugar precário para lugar precário era sua segunda
natureza. Ela também era a lithomancer, e aqui, ela estava em seu
elemento.
Ela estava sentada no parapeito de uma
janela alta e estreita, em um pedaço de parede que pairava no ar,
desafiando a gravidade. Suas espadas orbitavam acima de sua cabeça, uma
coroa de lâminas que marcavam este lugar como seu domínio.
Era hora de ver do que Sorin era feito.
"Agora podemos terminar o que começamos,
sem interrupções," Nahiri chamou Sorin, que estava em uma varanda,
ainda acoplada a uma ampla escadaria. Um longo tapete vermelho ainda se
agarrava aos degraus restantes, antes de cair sobre o espaço vazio,
como a língua de algum animal morto.
"Você está tão ansiosa para morrer?"
disse Sorin. "Da última vez que nos encontramos, minha força estava
quase esgotada. Você não terá essa sorte desta vez, eu receio." Ele
jogou o cadáver da cultist em Nahiri como se fosse um pano úmido, e ela
ouviu algo quebrar no interior do corpo, uma vez que bateu na pedra ao
lado dela. "E eu tenho toda a intenção de matá-la."
"Você acha que me assusta?"
"Se ainda não, eu vou." Seus olhos eram somente crueldade, pura e antiga.
"Eu não vou partir até acabar com isso, Sorin."
"Nisso estamos de acordo, minha jovem".
Minha jovem. Sem outra palavra,
Nahiri deixou suas espadas voareram, todas, menos a que ela empunhou.
Sorin esquivou-se das lâminas, que enterraram-se profundamente na pedra
sob seus pés, e antes que pudesse equilibrar-se, Nahiri assumiu
o controle da varanda, e a virou.
Por um momento, Nahiri ainda teve receio
de que ele iria segurar-se, no entanto seus dedos não conseguiram
encontrar apoio, e ele caiu.
Mas o tapete vermelho virou-se com o
movimento, e Nahiri observou quando os dedos de Sorin fecharam-se em
torno do tecido, e, de repente, ele estava balançando no ar, em vez de
cair.
Nahiri puxou as lajes que formavam a
varanda, desmembrando toda a estrutura. Enquanto ela se desfazia, Sorin
tomou impulso e se lançou a uma parede quebrada, e depois para um mastro
que se inclinava diagonalmente no ar.
Tudo no espaço de uma batida do coração, Nahiri mal conseguia acompanha-lo.
Então ela não conseguiu mais. Ele era
muito rápido, e quando ela mudou de posição em sua janela para seguir
seus movimentos debaixo dela, ela o perdeu de vista.
Por vários momentos seus olhos corriam
em volta furiosamente, procurando qualquer sinal de movimento. Em
seguida, um flash de prata e tudo Nahiri pode fazer, foi deslizar para
dentro da própria parede, de modo que a lâmina de Sorin bateu na pedra
com um som ensurdecedor, que reverberou através da pedra.
Envolta em pedra, Nahiri ouviu as palavras de Sorin abafadas, mas venenosas.
"Nahiri, Nahiri, todo este problema por
conta de uma estadia na Câmara Infernal. E ainda assim você parece tão
em casa na pedra."
Depois, houve um estalo alto, e a dor
atravessou seu lado como um ferro quente. A pedra tinha sido violada. E
ela sentiu o aço em sua carne. Arranhando na pedra, a lâmina recuou, e
antes que pudesse atacar novamente, Nahiri saiu da proteção da parede,
e, de repente, ela estava caindo através do ar aberto. Sua mão foi tocou
a queimação na sua lateral, e ela encontrou algo molhado lá.
Alguns pedaços de uma balaustrada vieram
ao seu encontro. Ela tentou agarra-los, mas sua mão, manchada de
sangue, escorregou, e ela continuou caindo. Seus olhos se agitaram, e o
mundo girava em torno dela até que parou tudo de uma vez, quando ela
bateu com força contra a superfície de uma torre enorme que estava na
horizontal ao longo do comprimento do teto aberto.
Quando ela foi capaz de encontrar força
suficiente, Nahiri reuniu seus pés debaixo dela e levantou-se
lentamente. Ela inclinou-se com força contra alguma pedra que se
projetava a partir da superfície da torre. Ela estava sem fôlego, e sua
boca estava seca, apesar do gosto de sangue na boca.
Ao som de botas na espiral na frente dela, ela levantou os olhos para encontrar Sorin endireitar-se após aterrissar.
Ele deu um passo para frente e ficou
sobre ela, sua espada levantada e ameaçando, assim como mil anos atrás,
quando ele condenou-a para a Câmara Infernal. Mas não havia mais uma
Câmara, agora.
"Você teve a chance de me matar, jovem.
Você deveria ter aproveitado essa chance quando pôde." Não havia
sarcasmo nas palavras de Sorin. Era como um mentor falando com seu
protegido, uma lição final para transmitir.
"Talvez", Nahiri disse, embora mais para
si mesma. Sua espada pendurada frouxamente em sua mão, com a ponta
tocando o chão. Dor irradiava a partir do corte em sua lateral. A mão
livre estava cobrindo a ferida.
Tanto sangue.
Um pouco mais não faria diferença.
Ela respirou fundo, e falou.
"Independentemente do que acontecer aqui, se eu conseguir sair daqui ou
não, eu ganhei, Sorin. Olhe ao seu redor." Nahiri varreu sua mão
fracamente para indicar a mansão. "Olhe atentamente para o que eu fiz a
tudo que você reivindica como seu."
Ela apontou para a esquerda. Fora, na distância, sobre a cidade de Thraben.
Emrakul.
"Nenhum anjo de estimação vai vir para o resgate desta vez."
A espada de Sorin atingiu Nahiri. "O que você tirou de mim em Avacyn, vou tirar de você sangue."
Antes que um músculo pudesse se
contorcer, ela sentiu os dentes do Sorin rasgando seu pescoço. Todo o
sangue em seu corpo mudou de curso. Sorin estava clamando-o, e ele
queimava em suas veias. Ele bebeu profundamente, e Nahiri encontrou seu
momento.
Ela se inclinou na pedra em suas costas,
e ela respondeu acolhendo cada lado dela. Cada batida do coração era
tormento, mas ela superou a dor e sussurou, "Eu posso morder de volta,
Sorin, e eu tenho dentes maiores do que você."
A pedra engoliu os dois, e fileiras de presas de pedra irregulares rasgaram Sorin das pernas às costelas.
Sua espada voou de sua mão, e um grito de agonia explodiu de seus lábios.
Nahiri livrou-se dele, atravessando a
pedra sólida, de modo que apenas Sorin permaneceu. A pedra apertou-se
sobre ele, moldando-se.
Quando Nahiri terminou seu trabalho, Sorin estava pendurado no ar, preso pela magia de Nahiri.
Não havia como fazer um planeswalking -
Os dentes de pedra que o prendiam, mastigavam seus ossos e órgãos,
mantendo-o em uma angústia perpétua, sabotando a concentração que ele
precisaria para deixar este lugar.
Então Nahiri girou Sorin e sua pedra, de modo que eles ficaram de frente para as planícies abaixo da Mansão Markov.
Sorin tentou falar, um murmúrio ininteligível, quando Nahiri subiu no casulo que ela tinha criado.
O que ele tinha a dizer não importava, porém - Ela queria que ele ouvisse suas palavras.
Com uma mão agarrando-se na pedra, Nahiri abaixou-se para que pudesse sussurrar essas palavras no ouvido de Sorin.
"Eu o poupei", disse Nahiri. "Uma cortesia retribuida."
Na distância, Emrakul aproximava-se.
Então, Nahiri partiu de Innistrad.
__
O horizonte era Emrakul.
Não havia nada que Sorin pudesse fazer,
senão observar enquanto o fim de Innistrad flutuava lentamente de
Gavony, em direção à Thraben.
As pessoas lá em baixo eram de pouca
importância agora, mas Innistrad era dele, e Thraben foi onde ele criou
Avacyn para protegê-la. Vê-la agora, no limiar da sua ruína, enviou uma
pontada através dele que doía mais do que os dentes de pedra da
lithomancer que se prendiam em suas entranhas.
Sorin sentiu, um momento antes de ouvir -
metal contra pedra, um longo, lento, raspar que atravessou a parte
traseira de seu sarcófago de baixo para cima.
"Eu acho que eu gosto mais desse", veio uma voz cheia de zombaria. E então Olivia desceu em vista, bloqueando o caos além.
Ela estava segurando a espada.
"Olivia", Sorin disse entre dentes, "liberte-me."
"Mesmo se eu pudesse, por quê? Avacyn
está morta. Nahiri foi embora. Nosso negócio está cumprido." Ela riu
cruelmente. "Eu chamo isso de uma vitória. Faça um esforço para
aproveita-la. Markov Manor é sua, afinal de contas. Quanto a mim," ela
levantou a espada de Sorin para inspecionar sua borda, "eu gosto
bastante o som de 'Olivia, Senhora de Innistrad. ' "
Qualquer pingo de paciência que ele
possuía foi subitamente deixado de lado por uma onda de desespero. Este
mundo estava condenado. Olivia era a sua única saída. "Veja!" disse ele,
lutando contra a pedra inflexível. Olivia olhou por cima do ombro, mas
não disse nada. "Você vê", continuou ele, "isso é o que está vindo! Você
viu o que ela faz, o que ela é capaz." Ele estava falando mais rápido
agora, e sua voz falhou. "Você vai precisar da minha ajuda para lidar
com isso!"
Sorin não gostou da maneira como Olivia
olhou para ele enquanto ele falava. Ela era uma aranha, e ele era uma
mosca. "Escute-me!" ele tentou novamente. "De que adianta ser senhora de
um lugar que não existirá mais amanhã?"
"Avacyn está morta. E você", disse ela,
pressionando o ponto de sua própria espada contra sua bochecha, "você
está onde você está. Para mim, já adiantou muito."
E tudo Sorin pôde fazer, foi observar
enquanto Olivia flutuou para fora de vista, de modo que Emrakul e o fim
que ela prometia preencheram sua visão mais uma vez.
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